31 agosto 2012

O CERTO DE KRISHNAPUR, J.G. Farrell


Romance, Porto Editora
Já sei o que estão a pensar: "Lá está ela a ler livros inspirados em histórias reais que não conhece de lado nenhum." Pois, desta vez embrenhei-me numa história sobre o fim do império britânico na Índia. O livro foi editado pela primeira vez em 1973 (ganhou o Man Booker Prize) e a sua história remonta às revoltas indianas de 1857, das quais não sei nada... 
Krishnapur é uma cidade inventada, mas o cerco é baseado em histórias reais. J. G. Farrell conta-nos com humor a forma como os britânicos aguentaram, apesar das inúmeras dificuldades, um cerco durante quatro meses. Além da genialidade do último recuo dos britânicos, no qual já não há pólvora e é necessário recorrer ao que está à mão, incluindo os candelabros que já tinham sido usados durante as chuvas para aguentar os muros de areia que defendem o aquartelamento, há também a brilhante luta entre os dois médicos por causa da cólera. O mais velho a insistir que a doença se espalha pelo ar e o segundo a garantir que depende da ingestão de comida e águas contaminadas. Até na hora da morte o primeiro insiste que tem razão, apesar das provas em contrário.
Não é um livro para aprender mais sobre as revoltas; é um livro para conhecer os hábitos dos britânicos na Índia daqueles tempos.

19 agosto 2012

Antes de começar... (97)


Livro: O Cerco de Krishnapur
Autor: J.G. Farrell
Editora: Porto Editora
Ano: 2011

"Corre o ano de 1857. Na cidade imaginária de Krishnapur, a comunidade britânica resiste com bravura ao ataque lançado por um exército de indianos.
No final do cerco, a cólera, a fome e os agressores mataram a maioria dos ingleses, e os que restam são forçados a alimentar-se de cães, de cavalos e, por fim, de baratas. Mas nunca perdem a habitual fleuma britânica: no meio do caos, o chá continua a ser às cinco e a luta pela sobrevivência prossegue, agora lançando mão dos luxuosos candelabros e violinos, as armas que restam para enfrentar a barbárie.
Os episódios desconcertantes sucedem-se, num permanente desafio à mais fértil das imaginações..."

18 agosto 2012

A ARTE DE VIVER À DEFESA, Chad Harbach


Romance, Civilização Editora
Aqueles que não me conhecem, não sabem que tenho uma nova paixão: o basebol. Tudo graças a uma insónia e à ESPN America... Os que me conhecem já estão a ficar um bocadinho fartos de me ouvir falar do  jogo, mas a verdade é que assim que este livro chegou à redação, acabou logo na minha secretária. Com uma bola de basebol na capa, só podia, não era...
O jogo é o esqueleto do livro, mas esta é uma história que vai muito para lá do basebol. É uma história de  desafios, de superação pessoal, de acreditarmos em nós. Muitas vezes somos o nosso pior inimigo. Que o diga Henry (o apelido é impronunciável), um excelente shortstop (nem me lembro da tradução que fizeram em português), que está prestes a bater o recorde do seu ídolo do maior número de jogos sem erros (o basebol é o único desporto de equipa em que os erros são atribuídos a jogadores individuais). 
O problema é que tudo muda no momento em que faz um mau lançamento e acerta, sem querer, no amigo e companheiro de quarto, Owen. A partir daí, aquilo que para ele é natural, deixa de o ser. Cada vez que vai lançar a bola para a primeira base, pensa e repensa a jogada inúmeras vezes na sua cabeça e, como é óbvio, falha. A equipa que depositava nele a confiança de finalmente ganhar um campeonato, tem agora que o tentar sozinha. 
Henry entra numa espiral negativa, envolvendo-se com a namorada do mentor de sempre, Mike, e afastando os amigos. Sempre na procura de sair da melancolia. Será um acontecimento no campus universitário que vai voltar a unir os amigos, mostrando a Henry que há algo mais importante na vida. 
Ler sobre basebol não é a mesma coisa que ver basebol. Para aqueles que não conhecem o desporto, não se preocupem que este é apenas uma desculpa para falar de amor, amizade, família... E este é um livro que vale mesmo a pena ler. Em relação ao basebol: Go Tigers!

07 agosto 2012

Antes de começar... (96)


Livro: A Arte de Viver à Defesa
Autor: Chad Harbach
Editora: Civilização Editora
Ano: 2012

"Um romance maravilhoso e inspirador de uma nova grande voz americana.
O tímido Henry Skrimshander, recém-chegado à faculdade, sente-se um pouco perdido, apesar do seu talento para o basebol que raia o genial. Por vezes, parece que os seus únicos amigos são o enorme Mike Schwartz, que luta para desenvolver o talento dos outros à custa do seu próprio talento, e Owen, o inteligente e carismático companheiro de quarto de Henry, que guarda um segredo que pode pôr em risco o seu brilhante percurso universitário.
Pella, a filha de 21 anos do presidente da faculdade, regressa a casa após um casamento falhado, determinada a reorganizar a sua vida. E descobre que o pai, um solteirão inveterado, está perdidamente apaixonado.
Até que, num dia fatídico, Henry comete um erro: faz um mau lançamento. E tudo muda…
Escrito com enorme inteligência e cheio da ternura da juventude, A Arte de Viver à Defesa é um romance expansivo e afetuoso sobre a ambição e os seus limites, sobre a família, a amizade e o amor, e sobre o compromisso - connosco e com os outros."

06 agosto 2012

TRILOGIA FIFTY SHADES, E L James



Literatura erótica, Vintage
Antes de mais, resolvi juntar a "crítica" dos três livros no mesmo saco, porque para mim não faz sentido separá-los. A trilogia foi a sensação do verão e apesar de não ter o hábito de ler aquilo que todos estão a ler (só li O Perfume, de Patrick Süskind, anos depois da moda passar e já tinha lido a trilogia do Senhor dos Anéis muito antes da moda começar), desta vez não resisti à tentação. 
É que na conversa com colegas, mostraram-se incrédulos por saber que uma mulher podia escrever uma história sobre sexo e submissão. E da maneira que falavam, parecia algo escabroso. Quis perceber o que é que chocava tanta gente. Devo então dizer que não fiquei nada chocada. Já li coisas muito piores (e sim, estou a falar das cenas de sexo). 
A história já toda a gente sabe. Anastasia, uma jovem estudante, virgem, cai nas boas graças do misterioso milionário Christian Grey e acaba por se envolver com ele. Sim, a relação envolve chicotes, máscaras, algemas e alguma dor, mas vamos lá ver, não estamos propriamente a falar de violência doméstica... Grey não é o marido que chega a casa e bate na mulher porque ela não tem a comida na mesa ou o Benfica perdeu (eu sei que estou a falar de clichés e o problema é muito mais sério do que isto, mas estou apenas a levar ao ridículo). 
Grey é um homem que aparentemente transpira sexo de todos os poros, não descura  o prazer das mulheres e deixa logo claro aquilo que procura. E o contrato que pede para Anastasia assinar (o que ela na realidade nunca faz) até não parece assim tão mau (para quem gosta disso, leia-se) - afinal não envolve sangue nem terceiras pessoas. Além disso, na primeira vez que ele lhe bate à séria, ela afasta-se dele (é assim que acaba o primeiro livro). Como há mais dois, já sabemos que a coisa não fica por aí. No segundo, Anastasia terá de lidar com a anterior submissa de Grey e no terceiro com algo mais do seu passado. 
No final, o amor por Anastasia torna Grey num homem diferente - apesar de manter a "red room of pleasure", mas afinal ela também gosta dessas coisas. Ela consegue mudá-lo e é isso que todas as mulheres querem fazer aos namorados/maridos/amantes. Para mim, esse é o segredo do sucesso deste livro. Porque se até uma jovem virgem consegue mudar o "tarado" e poderoso Grey, então há esperança para todas... 
De resto, dizem que E L James é uma Corin Tellado numa versão britânica. Nunca li nenhum livro desse grande exemplo do romance erótico, mas no final, sexo é sexo, independentemente dos acessórios usados. E hoje em dia, cada vez mais banalizado graças à televisão e à Internet. Além disso, não há muitas formas de o descrever. Dito isto, li os livros em inglês e, parecendo que não, estamos mais habituados a este tipo de linguagem em inglês. Não faço a mínima ideia como ficou a tradução em português. Espero que não tenha ficado pindérica.