Biografia, Casa das Letras
Por momentos pus de lado os romances e a ficção, que sempre me acompanharam durante toda a vida de leitora, e embrenhei-me numa biografia. A primeira que li. Disseram-me que se lia como se fosse um romance e resolvi tentar, mesmo não conhecendo o biografado. O pianista português Sérgio Varella Cid desapareceu no ano em que eu nasci e a minha cultura de música clássica é praticamente nula, tenho de admitir. Confesso que não foi uma tarefa fácil ler este livro, porque à minha frente via desenrolar-se a vida de um prodígio que nunca chegou a afirmar-se categoricamente como um génio e que era protegido pela família em tudo. Não importa o quanto mentisse, enganasse, quanto dinheiro perdesse com o seu vício do jogo ou em que negócios sujos se envolvesse. E em certas alturas pensei mesmo que só podia ser ficção não haver ninguém que lhe virasse as costas ou dissesse basta... Joel Costa consegue manter-nos interessados na vida de Sérgio Varella Cid - repetitiva, como a de qualquer um de nós, girando em volta do piano, da sala de jogo, da falta de dinheiro e da família. O autor intercala as cartas da altura com as conversas com os descendentes do pianista e junta-lhe uma boa dose de imaginação para revelar (aos que como eu nada sabiam de Sérgio Varella Cid ou aos que ainda se lembram dele) a vida do prodígio português que se perdeu. A experiência de ler uma biografia foi boa e de certeza para repetir, mas por favor não me tirem os romances...
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