09 novembro 2010

O NOVÍSSIMO TESTAMENTO, Mário Lúcio Sousa


Romance, D. Quixote
Tinha ouvido falar deste livro e, assim que tive oportunidade, deitei-lhe as mãos. Sabia por alto qual era a história, que me parecia muito divertida, mas nada mais. Pois bem, alguém me podia ter avisado que o autor não é fã dos pontos finais. E para não caírem no mesmo erro aí vai: não há um único ponto final em todo o livro - excepto na pequena biografia e na contracapa. Todos são substituídos por vírgulas. E peço desculpa, mas os pontos finais existem por uma boa razão: assinalar as pausas e facilitar a leitura. Especialmente quando, e é este o caso, a linguagem utilizada é de alguma complexidade, quando existe poesia naquilo que está escrito. Vamos lá ver uma coisa: havia necessidade de indicar todos os produtos à venda numa mercearia? Só com isso é quase uma página.
A minha parte favorita, confesso, é a lista de definições que começa em palerma ("aquela pessoa que pensa que não deve pensar") e termina em aluado ("aquele que pensa às vezes em crescente, às vezes em minguante"). Essas três páginas estão brilhantes, até porque me lembraram discussões passadas que nunca mais foram retomadas, mas o resto.... É um livro muito difícil de ler, temos de estar cem por cento focados e é muito fácil começarmos a pensar noutra coisa qualquer. E sinceramente, acho que a ideia é muito gira, mas acaba por se perder no meio de toda a poesia. Por isso, fiquei desiludida.

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