29 outubro 2010

Antes de começar... (41)


Livro:
O Novíssimo Testamento
Autor: Mário Lúcio Sousa
Editora: D. Quixote
Ano: Setembro de 2010

"No tempo em que os Portugueses imperavam sobre o arquipélago de Cabo Verde, aconteceu num domingo de Páscoa, na minúscula freguesia do Lém, estar a morrer a mulher mais beata que a ilha de Santiago conhecera. Interpelando-a as netas sobre a sua última vontade, não quis ela, como seria de esperar, chamar o padre, respondendo em vez disso que gostaria de ser fotografada. Porém, assim que o flash disparou, um mistério inexplicável varreu a ilha de lés a lés; e quando, ao fim de muitas peripécias, a fotografia foi finalmente revelada, a surpresa foi tão impossível que não houve, no mundo inteiro, uma só alma que conseguisse manter a boca fechada. A ilha quase ia ao fundo com a confusão...
Se o Antigo Testamento anuncia a vinda do Messias e o Novo Testamento narra a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, este Novíssimo Testamento é uma autêntica revolução: pois dá testemunho da reencarnação de Jesus no corpo de uma mulher - ilhéu e africana - que parece ter vindo inaugurar a Terceira Idade do Mundo, mas não está livre de enfrentar os preconceitos sociais, religiosos e políticos do seu tempo.
Vencedor do Prémio Literário Carlos de Oliveira em 2009 pela notável capacidade de efabulação (basta referir o menino que desabotoa vestidos com assobios ou a lua velha que dá noites ferrugentas) e pelo poder da linguagem (um léxico vasto e rico), este romance aborda o religioso de uma forma original que denota um amplo conhecimento sobre o tema. Irónico, satírico e, por vezes, profundamente hilariante, O Novíssimo Testamento há-de ser Sagrada Escritura para muitos leitores."

28 outubro 2010

PRIDE AND PREJUDICE AND ZOMBIES, Jane Austen e Seth Grahame-Smith


Romance, Quirk Classics
Orgulho e Preconceito é um dos meus livros favoritos, se não mesmo o meu livro favorito. E esta versão da história de Elizabeth e Mr. Darcy está hilariante. Adoro o facto de as heroínas da história serem verdadeiras heroínas, afinal são elas que ajudam a limpar a terra dos mortos-vivos. Treinaram no Oriente com os monges de Shaolin (lindo!!) e são mestres no uso de catanas e armas de fogo. O que dizer quando em vez de convidar Elizabeth para usar o piano da sua casa quando quiser praticar, Lady Catherine de Bourgh coloca antes o seu dojo à disposição dela? Os diálogos de Jane Austen estão lá, mas as batalhas entre os personagens vão mais além das palavras. Quem não acha que a tia de Darcy merece uma boa porrada? É tudo divinal, como a própria capa do livro. Uma verdadeira reinvenção do clássico, que deve ser lido pelos que gostam do original e têm sentido de humor. Aqueles que não o têm vão ficar chocados ao ver a pobre Charlote a transformar-se em zombie, mesmo debaixo das barbas do patético Mr. Collins...
Dito isto, sei que existem mais livros da série, mas não tenho a certeza se gostava ou não de ler mais. Ler um é divertido, mas até que ponto o formato não cansará?

21 outubro 2010

Antes de começar... (40)


Livro:
Pride and Prejudice and Zombies
Autor: Jane Austen e Seth Grahame-Smith
Editora: Quirk Classics
Ano: 2009

"It is a truth universally acknowledged that a zombie in possession of brains must be in want of more brains." So begins Pride and Prejudice and Zombies, an expanded edition of the beloved Jane Austen novel featuring all-new scenes of bone-crunching zombie mayhem. As our story opens, a mysterious plague has fallen upon the quiet English village of Meryton - and the dead are returning to life! Feisty heroine Elizabeth Bennet is determined to wipe out the zombie menace, but she's soon distracted by the arrival of the haughty and arrogant Mr. Darcy. What ensues is a delightful comedy of manners with plenty of civilized sparring between the two young lovers - and even more violent sparring on the blood-soaked battlefield. Can Elizabeth vanquish the spawn of Satan? And overcome the social prejudices of the class-conscious landed gentry? Complete with romance, heartbreak, swordfights, cannibalism, and thousands of rotting corpses, Pride and Prejudice and Zombies transforms a masterpiece of world literature into something you'd actually want to read."

20 outubro 2010

O ANO DO NEVOEIRO, Michelle Richmond


Romance, Editorial Presença
Confesso que não sei porque é que fiquei com este livro, porque o tema não é daqueles que me interessa por aí além. O desaparecimento de criancinhas faz-me sempre lembrar a Maddie e esse é um livro que parece que não tem fim. Por isso, a única coisa que pensei quando comecei a ler O Ano do Nevoeiro foi: espero que este não seja um daqueles livros com final em aberto. Para isso basta a vida real. Bem, este tem fim, mas no todo não é nada de espectacular. A história é simples: uma criança que desaparece num dia de nevoeiro, quando a namorada do pai desvia o olhar por uns segundos. E são esses segundos que vão mudar para sempre a vida de Abby, que vive obcecada por se lembrar de qualquer pormenor que possa ajudar a encontrar Emma. Todas as teorias sobre memória devem estar neste livro, desde o caso do homem que não conseguia esquecer nada (pode parecer interessante, mas imaginem lembrarem-se da roupa que vestia o desconhecido pelo qual passaram há 20 anos na rua x!) ao do homem com memória de peixe, ou seja, nenhuma. Pormenores giros no meio de outros pormenores sobre a fotografia (Abby é fotógrafa), uma relação que está condenada a não resultar, um interesse súbito pelo surf e uma viagem à Costa Rica... No final, um daqueles livros que não deixa marca e que daqui a um mês já não me vou lembrar do nome.

05 outubro 2010

Antes de começar... (39)


Livro:
O Ano do Nevoeiro
Autor: Michelle Richmond
Editora: Editorial Presença
Ano: Julho de 2010

"Uma mulher e uma criança passeiam na praia, numa fria manhã de Verão. O nevoeiro branco é tão denso que a visibilidade não ultrapassa alguns metros. A criança, irrequieta, solta-se por momentos da mão da mulher. Esta enquadra-a na câmara fotográfica, dispara por duas vezes, mas depois a sua atenção é desviada por uma forma sobre a areia. Minutos depois, quando volta a procurar a criança, esta tinha desaparecido completamente. Foi o seu maior erro... Porque Emma não é sua filha, mas do seu noivo Jake e de um anterior casamento deste. A polícia entra em campo, fazem-se repetidas buscas, mas decorrem dias, semanas, meses e nem o mar devolve o corpo, nem se encontra rasto da menina desaparecida. No olhar de Jake, além da dor, há uma acusação muda. Abby nega-se a perder a esperança, explora obsessiva e incessantemente a sua memória na tentativa de descobrir um pormenor ínfimo que lhe permita encontrar a verdade que aquele desaparecimento esconde. Uma história escrita com grande sensibilidade e beleza e uma capacidade rara para prender o leitor."

04 outubro 2010

THE TIME TRAVELER'S WIFE, Aundrey Niffenegger


Romance, Vintage Books
Ao contrário do que costuma acontecer, vi primeiro o filme e só depois decidi ler o livro. E foi como se tivesse lido a última página antes do tempo - coisa que nunca faço. Perdi por isso o interesse em seguir a história deste viajante no tempo, porque nada me surpreendia. Dava por mim apenas tentar encontrar as discrepâncias em relação ao filme (que são algumas), em vez de me limitar a apreciar o livro. A história está muito bem pensada (não detectei nenhuma incongruência) e conseguimos manter-nos "no tempo" porque antes de cada capítulo indica a idade de cada uma das duas personagens principais, que funcionam também como narradores alternados. Acho que o livro podia melhorar se houvesse o relato de alguma tentativa de Henry mudar algum acontecimento. Limitar-se a dizer que já tentou e não resultou, porque já foi o seu passado, ou que se fizesse as coisas de outra forma de nada adiantaria... ficamos a pensar que com a mesma ideia a autora podia ter feito muito mais.