Objectiva
Durante muitos anos, coube-me a mim escrever as notícias sobre o sequestro de Ingrid Betancourt, por isso era com curiosidade que aguardava este livro. Mas admito que tive dificuldade em entrar no relato que ela faz dos seus seis anos e meio de cativeiro com as FARC, porque tinha uma ideia negativa da franco-colombiana. Não conseguia deixar de lado um comentário que tinha ouvido de uma jornalista estrangeira na Colômbia, segundo a qual se dizia que Ingrid tinha descurado a segurança no dia do sequestro porque achava que se fosse sequestrada seria rapidamente libertada e isso seria bom para a sua campanha presidencial. Mas a verdade é que o relato das condições de sequestro, das lutas entre reféns (eu discutia com a minha irmã e só tínhamos de partilhar um quarto, imaginem se tivessem de partilhar o espaço de uma cama com outra pessoa...) e da vida da guerrilha nos vai agarrando pouco a pouco. E nunca nos podemos esquecer que foram seis anos e meio na selva colombiana. É um relato de dor de uma mulher que não quis desistir.