Romance, Quetzal
A loucura por Bolaño tem sido tanta, que tinha muita curiosidade em ler este autor chileno. Mas quando olhava para o tamanho do 2666 só me apetecia fugir. Por sorte, este livro é muito mais pequeno. Desde o início que somos avisados que o título é um engano, porque o "verdadeiro polícia" somos nós, os leitores, e por isso serão nossos os "dissabores". Além disso, a obra não estava completa e aquilo que nos veio parar às mãos parte de uma análise ao material deixado por Bolaño. Logo, sabemos que não estamos a ler o livro que Bolaño queria que estivéssemos a ler - e por isso não estranhamos quando o livro acaba mas parece que devia continuar.
A obra tem momentos de génio - adoro, por exemplo, que num capítulo inicial o professor Amalfitano esteja a contar a sua vida sempre com a expressão "eu que…" e na última parte a sua biografia surja na terceira pessoa mas com as mesmas expressões. Em relação à forma, cada capítulo é completamente aleatório. Ora é um diálogo, ora é uma espécie de perguntas e respostas, ora é uma lista das poesias dadas numa aula... Além disso, há toda uma parte que é a recensão de livros de Arcimboldi - que nem sei se existiu ou não. O facto de a personagem principal dar aulas de literatura, ou melhor de poesia, acabou por trazer-me dificuldades. Só conheço alguns dos poetas que ele menciona no capítulo inicial (nem sei se todos são verdadeiros) e tive receio que não fosse compreender o livro. A verdade é que não percebo nada de poesia (lamento). Ultrapassando essa dificuldade, posso dizer que gostei do livro, mas não fiquei com vontade de ir a correr comprar o 2666.
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