Thriller, Porto Editora
Há primeiros parágrafos que nos agarram imediatamente e depois há aqueles que falam de uma velhota que precisava de fazer xixi... Escusado será dizer que não é o mais atraente. O que vale é que o prólogo, em que nos é apresentado o assassino, tem pouco menos de uma página. A seguir caímos directamente na vida do detective reformado Dave Gurney, mas as coisas não melhoram.
A verdade é que a primeira parte do livro não me agarrou. Qual é a piada de um thriller ou de um policial sem um corpo? Mesmo com a história do número e do terror de imaginarmos que alguém nos conhece tão bem ao ponto de saber em que número estamos a pensar, estava sempre à espera do momento em que "não iria conseguir mais largar o livro", como uma das críticas afirmava. Isso aconteceu a partir da segunda parte, quando finalmente há um corpo para analisar ao melhor estilo CSI.
Depois, é claro, queremos saber como tudo aconteceu. Como é possível as pegadas na neve pararem no meio do nada, como se o assassino se tivesse simplesmente evaporado? É também aí que começa a funcionar a mente de Gurney, cuja intuição conta com a preciosa ajuda da mulher Madeleine. É ela que o ajuda nos momentos em que parece que as pistas não vão dar a lado nenhum, apesar de claramente não estar contente por ele voltar ao activo. No final, tudo tem explicação, que surge naturalmente - às vezes, nalguns casos, parece arrancada a ferros. Um bom thriller? Sim. O melhor que já li? Não.
E o Gurney não é um Sherlock Holmes ou um Poirot... Pode ter capacidades dedutivas espectaculares, mas é demasiado frágil pessoalmente, cheio de fantasmas do passado. E vê-se claramente que John Verdon (que se lembrou de escrever este Pensa num Número, o seu primeiro livro, já com mais de 60 anos) estava a planear continuar a desenvolver esses fantasmas num novo thriller. Daí que nos resta apenas perguntar: para quando a versão portuguesa de Shut Your Eyes Tight.
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