28 fevereiro 2011

ATÉ O SILÊNCIO TEM UM FIM, Ingrid Betancourt


Objectiva
Durante muitos anos, coube-me a mim escrever as notícias sobre o sequestro de Ingrid Betancourt, por isso era com curiosidade que aguardava este livro. Mas admito que tive dificuldade em entrar no relato que ela faz dos seus seis anos e meio de cativeiro com as FARC, porque tinha uma ideia negativa da franco-colombiana. Não conseguia deixar de lado um comentário que tinha ouvido de uma jornalista estrangeira na Colômbia, segundo a qual se dizia que Ingrid tinha descurado a segurança no dia do sequestro porque achava que se fosse sequestrada seria rapidamente libertada e isso seria bom para a sua campanha presidencial. Mas a verdade é que o relato das condições de sequestro, das lutas entre reféns (eu discutia com a minha irmã e só tínhamos de partilhar um quarto, imaginem se tivessem de partilhar o espaço de uma cama com outra pessoa...) e da vida da guerrilha nos vai agarrando pouco a pouco. E nunca nos podemos esquecer que foram seis anos e meio na selva colombiana. É um relato de dor de uma mulher que não quis desistir.

16 fevereiro 2011

Antes de começar... (51)


Livro: Até o silêncio tem um fim
Autor: Ingrid Betancourt
Editora: Objectiva
Ano: 2011

"Em 2002 Ingrid Betancourt, candidata à presidência da Colômbia, foi sequestrada pelas FARC. Até o silêncio tem um fim é o relato de seis anos e meio de cativeiro na selva colombiana: as tentativas de fuga, as condições de vida desumanas, a crueldade dos guerrilheiros, os momentos de desespero, assim como as pequenas alegrias, as rotinas reconfortantes e as amizades forjadas no seio da violência. Íntimo, aterrador e intensamente pessoal, este testemunho da sua cruzada não se parece a nenhum outro. Aqui faz-se uma viagem ao coração das emoções extremas, uma meditação sobre a vida, a liberdade e a esperança e sobre o que significa o ser humano.
Até o silêncio tem um fim ficará na história como um grande texto da literatura de cativeiro. Não apenas por ser um relato de experiências duras e atrozes, mas acima de tudo por ser um livro profundamente belo, que descreve uma aventura humana inspiradora."

15 fevereiro 2011

E DEPOIS DO AMOR, Ray Kluun


Romance, Editorial Presença
Em primeiro lugar, avisar que não li o primeiro livro. Achei que não devia ser grave. Não é. Porque se tenho que estar a ler sobre traição e sexo, de todas as formas e sentidos (com linguagem muito gráfica), e drogas até mais não, então mais vale poupar-me ao drama de uma mulher a morrer de cancro. Porque aposto que isso era o que acontecia no primeiro livro. Este começa após a morte da mulher de Dan, Carmen. Ele agora tem uma filha de três anos, Luna, e tem que se desenrascar, ao mesmo tempo que deita o olho à amante Rose e a tudo o resto que mexa e tenha saias. Depois de um susto (os atentados do 11 de Setembro) resolve mudar de vida e começa uma viagem de auto-descoberta, que na realidade não é auto-descoberta nenhuma - não é difícil perceber que é um bronco. Ainda estava à espera de belas descrições da Austrália, mas nem a isso tive direito.

06 fevereiro 2011

Antes de começar... (50)


Livro:
E Depois do Amor
Autor: Ray Kluun
Editora: Editorial Presença
Ano: Dezembro 2010

"Após a morte prematura da mulher, Dan entra numa espiral descendente e autodestrutiva. Abandona o trabalho e entrega-se ao álcool e à vida boémia de Ibiza e Amesterdão. É só quando bate no fundo que Dan compreende que tem de alterar drasticamente o rumo da sua vida e investir na relação com Luna, a filha de três anos. Juntos, fazem uma longa viagem de autocaravana pela Austrália que se revelará fundamental para a sua aproximação. Despretensioso e divertido, este romance autobiográfico, que é a sequela de Love Life - De Coração Aberto, toca-nos profundamente pela empatia que nos suscita o protagonista, um pai viúvo que procura a todo o custo recuperar o controlo da sua vida."

05 fevereiro 2011

THE SHADOW OF THE WIND, Carlos Ruiz Zafón


Romance, Phoenix
É estranho quando acabamos um livro a gostar mais de um personagem secundário do que dos personagens principais. Não é que não goste de Daniel Sempere ou do misterioso Julián Carax e da forma como um livro deste, encontrado no extraordinário Cemitério dos Livros Esquecidos, desencadeia esta grande aventura. Mas este livro não seria metade do que é sem Fermín Romero de Torres. No meio do lado negro e gótico da Barcelona do final da guerra civil temos esta lufada de humor e de filosofia amorosa barata que é simplesmente deliciosa. Mesmo nos momentos mais dramáticos, damos por nós a ansiar por mais uma tirada de Fermín. Será que Carlos Ruiz Zafón não quer escrever um livro dedicado especialmente a ele? É que eu lia, certamente. Mas antes desse "As aventuras de Fermín", dizer que A Sombra do Vento é sem dúvida um livro que vale a pena ler. É claro que a meio já sabemos quem é o estranho homem do rosto queimado, mas isso não impede que continuemos a ler com o mesmo interesse e curiosidade para conhecer o desfecho desta obra.