Literatura erótica, Vintage
Antes de mais, resolvi juntar a "crítica" dos três livros no mesmo saco, porque para mim não faz sentido separá-los. A trilogia foi a sensação do verão e apesar de não ter o hábito de ler aquilo que todos estão a ler (só li O Perfume, de Patrick Süskind, anos depois da moda passar e já tinha lido a trilogia do Senhor dos Anéis muito antes da moda começar), desta vez não resisti à tentação.
É que na conversa com colegas, mostraram-se incrédulos por saber que uma mulher podia escrever uma história sobre sexo e submissão. E da maneira que falavam, parecia algo escabroso. Quis perceber o que é que chocava tanta gente. Devo então dizer que não fiquei nada chocada. Já li coisas muito piores (e sim, estou a falar das cenas de sexo).
A história já toda a gente sabe. Anastasia, uma jovem estudante, virgem, cai nas boas graças do misterioso milionário Christian Grey e acaba por se envolver com ele. Sim, a relação envolve chicotes, máscaras, algemas e alguma dor, mas vamos lá ver, não estamos propriamente a falar de violência doméstica... Grey não é o marido que chega a casa e bate na mulher porque ela não tem a comida na mesa ou o Benfica perdeu (eu sei que estou a falar de clichés e o problema é muito mais sério do que isto, mas estou apenas a levar ao ridículo).
Grey é um homem que aparentemente transpira sexo de todos os poros, não descura o prazer das mulheres e deixa logo claro aquilo que procura. E o contrato que pede para Anastasia assinar (o que ela na realidade nunca faz) até não parece assim tão mau (para quem gosta disso, leia-se) - afinal não envolve sangue nem terceiras pessoas. Além disso, na primeira vez que ele lhe bate à séria, ela afasta-se dele (é assim que acaba o primeiro livro). Como há mais dois, já sabemos que a coisa não fica por aí. No segundo, Anastasia terá de lidar com a anterior submissa de Grey e no terceiro com algo mais do seu passado.
No final, o amor por Anastasia torna Grey num homem diferente - apesar de manter a "red room of pleasure", mas afinal ela também gosta dessas coisas. Ela consegue mudá-lo e é isso que todas as mulheres querem fazer aos namorados/maridos/amantes. Para mim, esse é o segredo do sucesso deste livro. Porque se até uma jovem virgem consegue mudar o "tarado" e poderoso Grey, então há esperança para todas...
De resto, dizem que E L James é uma Corin Tellado numa versão britânica. Nunca li nenhum livro desse grande exemplo do romance erótico, mas no final, sexo é sexo, independentemente dos acessórios usados. E hoje em dia, cada vez mais banalizado graças à televisão e à Internet. Além disso, não há muitas formas de o descrever. Dito isto, li os livros em inglês e, parecendo que não, estamos mais habituados a este tipo de linguagem em inglês. Não faço a mínima ideia como ficou a tradução em português. Espero que não tenha ficado pindérica.
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