30 junho 2010

Antes de começar... (29)


Livro: Revelação
Autor: C.J. Sansom
Editora: Porto Editora
Ano: Abril de 2010

"Primavera de 1543. Enquanto em Inglaterra se vivem momentos de grande tensão religiosa e convulsão social, Henrique VIII planeia um sexto casamento, sob o olhar atento do vigário-geral, Cranmer. Desta vez, o seu alvo é Lady Catherine Parr, conhecida na Corte pelas suas simpatias reformistas. Entretanto, Matthew Shardlake, afasta-se dos assuntos da Corte e trabalha no caso de um adolescente maníaco-religioso encerrado no hospital psiquiátrico de Bedlam. Porém, a sua tranquilidade é subitamente interrompida quando um velho amigo e colega advogado, Roger Elliard, é brutalmente assassinado. Shardlake promete à viúva levar o culpado à Justiça, mas o que pensava ser um caso de homicídio isolado, é, na verdade, parte integrante de uma melodia diabólica que se propaga a uma velocidade louca pela cidade de Londres. À medida que novas mortes, fruto de um ritual macabro, se vão sucedendo, as investigações de Shardlake conduzi-lo-ão ao jovem de Bedlam, a Catherine Parr – e às profecias do obscuro Livro da Revelação."

A LINHA NEGRA, Jean-Christophe Grangé


Thriller, Edições Asa
Não é melhor livro do mundo, mas está bem escrito e consegue manter-nos interessados até ao fim, revelando a pouco e pouco os rituais de morte de um serial-killer (é interessante toda a cena científica). Isso não significa que o livro não pudesse ter menos algumas páginas, às vezes a acção parece não se desenvolver com a velocidade que devia e não havia necessidade do senhor andar a saltar de país asiático para país asiático. Jean-Christophe Grangé podia muito bem ter centrado a acção num só. E depois há aquela coisa que o livro parece estar a acabar, mas não acaba. É porque falta alguma coisa. Afinal, não podia ser um verdadeiro thriller sem o twist final, que nem é assim tão surpreendente quanto isso. O problema desta coisa dos twists é que já estamos o livro todo à procura de pistas e não somos verdadeiramente supreendidos.

24 junho 2010

Antes de começar... (28)


Livro:
A linha negra
Autor: Jean-Christophe Grangé
Editora: Edições Asa
Ano: Março de 2007

"Jacques Reverdi, antigo campeão de apneia e professor de mergulho reputado, é preso na Malásia depois de ter barbaramente assassinado várias jovens. Em Paris, o jornalista Marc Dupeyrat sabe que tem matéria suficiente para escrever um artigo sensacional e, quem sabe, um romance. Apaixonado pela personalidade ambígua do serial-killer, Marc procura aproximar-se dele e quebrar o seu silêncio, mas essa não é uma tarefa fácil pois Reverdi refugiou-se no mais impenetrável mutismo. Para espicaçar a curiosidade do assassino, inventa a personagem da jovem Élisabeth, com quem o assassino aceita trocar correspondência. Ao revelar aos poucos os seus segredos, o homicida arrasta Marc para o Sudeste Asiático, no rasto dos seus crimes e da sua loucura..."

23 junho 2010

MAIS QUE HUMANO, Theodore Sturgeon


Ficção Científica, Editorial Presença
Sturgeon apresenta-nos neste livro o Homo gestalt, um conjunto de seres cujas capacidades se complementam para formar um único "eu". Temos um homem com problemas mentais mas com uma extraordinária capacidade telepática; uma jovem que consegue transportar o que quiser só com o poder da mente; duas gémeas que não desenvolveram a capacidade de falar mas são capazes de se teleportarem para qualquer lugar e um bebé totalmente atrasado mental mas com um cérebro que é capaz de funcionar como um computador (pode parecer uma contradição, mas não é). Juntos formam o corpo, a cabeça, as pernas, os braços. Mas não basta encontrarem-se, têm que aprender a funcionar em harmonia. Uma harmonia que passa pela descoberta de um sexto elemento, um humano como qualquer um de nós, que vai ensinar à "cabeça" a importância da humanidade. E é quando o percebem que descobrem que afinal não estão sós e que é a sobrevivência do Homo sapiens que será também a sobrevivência do Homo gestalt, o que mais não é que o próximo passo da evolução humana. É um livro que nos obriga a pensar e que me faz lamentar não ter tido psicologia na escola (confesso que andei a investigar mais na Internet). Será que se dá a teoria do gestalt nas salas de aulas? Um livro que, apesar de ter sido escrito há mais de 50 anos, ainda está muito actual.

15 junho 2010

Antes de começar... (27)

Livro: Mais que humano
Autor: Theodore Sturgeon
Editora: Editorial Presença
Ano: Abril de 2008

"Algures por esse mundo existem seis pessoas que - separadas - não passam de excluídos, seres desajustados. Mas uma força inconcebível vai uni-los e, um dia, talvez consigam juntar os seus singulares poderes e transformar o mundo. Agirão como uma nova entidade que se distingue de seres como nós porque não pensam em si próprios como um "nós" mas como um "eu". Porém, a génese e a maturação desse "Todo" não será pacífica, e a narrativa desdobra-se reflectindo a complexidae de temas universais como o poder, o amor, a consciência, a ética. Foi talvez a primeira vez que alguém levou tão longe, na ficção, o tratamento do tema da mutação da Humanidade, articulano com inteligência e alcance, escrito num registo poético, lúdico, e com uma intensa paixão pelo seu tema e os seus personagens. Esta obra, publicada pela primeira vez em 1953, é uma referência incontornável dos primórdios da ficção científica, é um clássico e uma fabulosa aventura da imaginação ainda nunca ultrapassada. Para além disto, é um livro de leitura compulsiva. Um romance distinguido com o International Fantasy Award."

14 junho 2010

ESTE LIVRO VAI SALVAR A SUA VIDA, A. M. Homes


Romance, Edições Asa
Não mudou a minha vida (que raio de título), mas abriu-me a porta para o mundo de Richard, um milionário divorciado que atravessa uma crise existencial (mais do que de meia idade). Um homem que tinha tudo controlado na sua vida e que praticamente não saía de casa, até ser levado de urgência para o hospital por causa de uma inexplicável dor no peito. Um acontecimento que muda a sua vida, uma vez que o colocará em contacto com uma série de pessoas (que são tudo menos normais) e que se transformam nos amigos que até então não tinha. E que lhe permitem aproximar-se novamente da família. Basicamente, é a ideia de que ninguém vive bem sozinho. A história desenrola-se com ritmo e o facto de os capítulos serem curtos facilita a leitura. Mas acabamos o livro a pensar: "pronto, está bem, foi giro, qual é o próximo..." Um último ponto para dizer que de vez em quando me irritaram as notas do tradutor, que pareciam verdadeiros tratados quando em causa só estava explicar determinada marca ou trocadilho de palavras em inglês. Ah, e já me esquecia... desculpem, mas a capa é horrível.

09 junho 2010

Antes de começar... (26)


Livro:
Este livro vai salvar a sua vida
Autor: A. M. Homes
Editora: Edições Asa
Ano: Abril de 2007

"O que têm em comum uma dona de casa lavada em lágrimas na secção de legumes de um supermercado, o dono de uma loja de donuts, um cavalo caído num buraco e uma mulher presa na mala de um carro? Duas coisas: todos vivem na mesma cidade e, à sua maneira, cada um deles acabará por ajudar a “salvar” a vida de Richard Novak. Richard é o típico homem moderno: profissionalmente bem-sucedido, solitário e divorciado. Ele trabalha a partir de casa e organizou tão bem a sua vida que não precisa de literalmente ninguém a não ser da empregada, da preparadora física e da nutricionista. Tudo está, portanto, controlado. Pelo menos, até ao momento em que dois incidentes, uns quantos personagens extravagantes e o surrealismo da cidade de Los Angeles parecem unir-se numa conspiração para abalar o seu mundo.
Desde o início da sua carreira, A. M. Homes tem sido uma das mais ousadas e originais vozes da sua geração, aclamada pela precisão psicológica e intensidade emocional das suas histórias. Neste que é provavelmente o seu primeiro livro optimista, ela relata-nos o que pode acontecer quando alguém se dispõe a abrir-se ao mundo que o rodeia."

JOGOS DE SEDUÇÃO, Madeline Hunter


Romance, Edições Asa
Pronto, com aquela sinopse só podia esperar-se uma coisa: sexo. Não é pornográfico, mas é bastante gráfico. Tirando essas cenas (que também não se pode dizer que surjam de forma descabida), a história até está interessante. E é até possível que o livro pudesse existir sem elas... Temos uma mulher nobre que perdeu a fortuna por causa das jogadas do irmão e que acaba leiloada numa festa. O "herói", sem berço de ouro mas com estudos que o levaram a subir na vida, vence o leilão. Para que Roselyn tenha alguma hipótese de regressar à boa sociedade, os dois acabam por casar. Mas à medida que se vão apaixonando, o passado acaba por bater à porta para estragar a felicidade dos dois.

08 junho 2010

Antes de começar... (25)


Livro:
Jogos de Sedução
Autor: Madeline Hunter
Editora: Edições Asa
Ano: Junho de 2009

"Numa sala repleta de convivas, os seus olhares cruzam-se com uma intensidade invulgar… mas os seus mundos vão colidir violentamente. Ela é Roselyn Longworth e, antes de a noite terminar, vai ser leiloada. Ele é Kyle Bradwell, o homem que lhe dará a conhecer o Inferno.
Todavia, quando vence o leilão, Kyle trata Roselyn com uma delicadeza a que ela não está habituada desde que um escândalo familiar arruinou a sua reputação. E quando finalmente descobre o que o motivou a salvá-la do seu terrível passado, é já demasiado tarde: Roselyn está perdidamente apaixonada pelo homem que sabe os seus mais íntimos segredos. Agora, ele surpreende-a com um pedido de casamento - o primeiro passo num jogo de sedução que exigirá nada menos que a sua completa rendição…"

07 junho 2010

BALADA PARA SÉRGIO VARELLA CID, Joel Costa


Biografia, Casa das Letras
Por momentos pus de lado os romances e a ficção, que sempre me acompanharam durante toda a vida de leitora, e embrenhei-me numa biografia. A primeira que li. Disseram-me que se lia como se fosse um romance e resolvi tentar, mesmo não conhecendo o biografado. O pianista português Sérgio Varella Cid desapareceu no ano em que eu nasci e a minha cultura de música clássica é praticamente nula, tenho de admitir. Confesso que não foi uma tarefa fácil ler este livro, porque à minha frente via desenrolar-se a vida de um prodígio que nunca chegou a afirmar-se categoricamente como um génio e que era protegido pela família em tudo. Não importa o quanto mentisse, enganasse, quanto dinheiro perdesse com o seu vício do jogo ou em que negócios sujos se envolvesse. E em certas alturas pensei mesmo que só podia ser ficção não haver ninguém que lhe virasse as costas ou dissesse basta... Joel Costa consegue manter-nos interessados na vida de Sérgio Varella Cid - repetitiva, como a de qualquer um de nós, girando em volta do piano, da sala de jogo, da falta de dinheiro e da família. O autor intercala as cartas da altura com as conversas com os descendentes do pianista e junta-lhe uma boa dose de imaginação para revelar (aos que como eu nada sabiam de Sérgio Varella Cid ou aos que ainda se lembram dele) a vida do prodígio português que se perdeu. A experiência de ler uma biografia foi boa e de certeza para repetir, mas por favor não me tirem os romances...

02 junho 2010

Antes de começar... (24)


Livro: Balada para Sérgio Varella Cid
Autor: Joel Costa
Editora: Casa das Letras
Ano: Fevereiro de 2007

"Não basta dizer o que um homem fez é preciso dizer o que ele era.
«A carreira pianística de Sérgio Varella Cid pode não ter diferido muito da de tantos outros, os mesmos passos, as mesmas dúvidas, recitais dados nos cinco continentes, os êxitos, os desaires que todo o artista teme. A riqueza não estaria aí. A riqueza e a originalidade de Sérgio Varella Cid podia estar-lhe mais na vida do que na carreira, na vida toda, na vida que não se conta em capítulos estanques género - uma coisa é o homem e outra coisa é o artista.»"

01 junho 2010

THE BOOK THIEF, Markus Zusak


Romance, Black Swan
Esta é a história da II Guerra Mundial como nunca a vimos antes: contada através dos olhos de uma jovem alemã e tendo como narrador a própria morte. É a história de Liesel e da sua vida na empobrecida Himmer Street, com um pai adoptivo que toca acordeão, uma mãe adoptiva que chama "porcos" a todos e um judeu escondido na cave. É a história de uma ladra de livros que aprende a ler com um manual para coveiros. É a história da morte que percorre a terra a carregar almas, que gosta de se distrair com as cores do dia e que nos surge também como uma vítima da guerra (por causa do aumento de trabalho...). Uma ideia muito original, que nos prende da primeira à última página. Ao início só me chateavam os apartes que o autor coloca a bold no meio do texto, mas depois começaram a fazer todo o sentido, sendo uma forma de destacar um ponto importante ou apenas uma emoção.