31 agosto 2011

AMOR, PONTO E VÍRGULA, Andrew Nicoll


Romance, Editorial Presença
Sabem quando, de repente, a meio de um livro, começam a sorrir? Não importa se estão em casa, no meio do metro ou num restaurante cheio de desconhecidos. Não são as mesmas gargalhadas de quando nos contam uma anedota, mas um sorriso de surpresa e satisfação, de nos depararmos com um pormenor inesperado no meio da história. Isso aconteceu-me inúmeras vezes com este livro. Aliás, acho que não tirei o sorriso da cara enquanto o estive a ler. É simplesmente delicioso. A paixão secreta do Bom Tibo por Agathe está muito bem escrita e, mesmo com os pormenores do realismo mágico, tudo parece fazer sentido (perto do fim comecei a ficar com medo, mas tudo se resolveu). Recomendo vivamente a todos que estejam a precisar de um sorriso nas suas vidas.

22 agosto 2011

Antes de começar... (69)

Livro: Amor, Ponto e Vírgula
Autor: Andrew Nicoll
Editora: Editorial Presença
Ano: Junho de 2011

"Este é o romance de estreia de um autor com características muito próprias e originais, que veio a revelar-se de leitura irresistível. Na linha do realismo mágico, combina um registo intensamente visual com um poder de observação raro e inteligente, que tanto capta a ironia como o que pode existir de mais delicado e terno nas relações humanas. A acção decorre num país indeterminado, constituído por várias ilhas algures no Báltico. Entre as exóticas e curiosas personagens destacam-se o honesto e atencioso Presidente da Câmara de Ponto, Tibo Krovic, e aquela por quem nutre um amor secreto e platónico, visto ser casada, a sua bela secretária Agathe Stopak. A narradora omnisciente e omnipresente é Santa Walpurnia, uma virgem barbuda e mártir, antiquíssima padroeira da cidade, recurso estilístico que confere um inigualável grau de humor a esta obra."

21 agosto 2011

UM AMOR EM TEMPOS DE GUERRA, Júlio Magalhães


Romance, A Esfera dos Livros
Simples, sem floreados e não muito cativante. Tinha muitas expectativas em relação a este livro, mas a verdade é que acho que, com este tema, poderia ter ido muito mais longe. A história de António não me apaixonou por aí além e achei-a muito previsível. Li-a com interesse para saber mais sobre a guerra do Ultramar, que marcou tanto o nosso país, mas de que na realidade sei muito pouco. Mas a verdade é que a história não é sobre a guerra, é sobre as famílias que ficaram para trás e sobre o regresso a um país que mudou muito. Para mim, a acção arrasta-se, sem verdadeiramente nos cativar. E se a ideia é abordar os sentimentos, então poderia ter sido mais profundo. Esperava mais e daí ter ficado desiludida.

14 agosto 2011

Antes de começar... (68)


Livro: Um Amor em Tempos de Guerra
Autor: Júlio Magalhães
Editora: A Esfera dos Livros
Ano: Outubro de 2009

"António nasceu marcado pelo nome. O mesmo que o vizinho da rua das traseiras, o homem que se fez doutor em Coimbra e que ia à terra sempre que podia, o tal que governava o país com pulso de ferro. Mas de pouco ou nada lhe valeu tão grande nome quando o destino o enviou para Angola, para defender a pátria em nome de uma guerra distante que não era a sua.
Deixou para trás a sua terra, a mãe inconsolável e Amélia, a mulher que pedira em casamento, num banco de pedra, junto à igreja e que prometera fazer dele o homem mais feliz do Vimieiro. Promessa gravada num enxoval imaculado que ficou guardado no armário, à espera do fim daquela maldita guerra.
Quando António regressou de Angola, era um homem diferente. Marcado no corpo por anos de guerra e de cativeiro e no coração por um amor impossível que deixara em pleno mato angolano. Regressava para cumprir a promessa que fizera anos antes à sua noiva Amélia, que o julgara morto, e que, em sua memória, tinha enterrado um caixão sem corpo."


13 agosto 2011

O APRENDIZ, Tess Gerritsen


Policial, Bertrand Editora
Quando peguei neste livro apercebi-me que já era o segundo de uma série protagonizada pela mesma detective, Jane Rizzoli. Ainda por cima, retomava o "mau" do primeiro volume. E apesar de noutras ocasiões não ter corrido bem ler um livro sem ler o anterior, resolvi arriscar. Afinal, não preciso de ler os livros todos com o Hercule Poirot para apreciar um deles, certo? Não me arrependi da decisão. Gerritsen escreve o livro de tal forma que até podia funcionar sem o primeiro volume. Não senti falta dele (apesar de ter ficado com curiosidade para o ler, mesmo sabendo a história toda).
O que mais odeio num policial é descobrir a meio quem é o criminoso. Quer dizer que está mal escrito, que as pistas são lançadas de forma desbaratada. Neste livro, senti a mesma tensão que a protagonista a tentar diferenciar os amigos dos inimigos, a tentar "ler" todas as pessoas com quem se cruzava. Isto ao mesmo tempo que procura esconder dos colegas o medo que na realidade sente. Jane é a única mulher num mundo de homens e nunca pode mostrar fragilidade, nem mesmo quando os corpos se amontoam e o assassino chega cada vez mais perto.
Resumindo: adorei e vou ficar à espera das outras aventuras de Rizzoli. E descobri entretanto que os livros de Gerritsen já deram origem a uma série de televisão nos EUA intitulada "Rizzoli & Isles", sendo esta última a médico legista.

04 agosto 2011

Antes de começar... (67)


Livro: O aprendiz
Autor: Tess Gerritsen
Editora: Bertrand Editora
Ano: Maio de 2011

"Ao ser chamada ao local de um crime, a detective Jane Rizzoli, da polícia de Boston, faz uma descoberta aterradora: o homicídio aparenta ter sido cometido por Warren Hoyt, o Cirurgião, um perigosíssimo psicopata que um ano antes a deixou quase morta e marcada para sempre. Porém, isso não é possível, já que o Cirurgião está na prisão para onde ela mesma o mandou...
Tratar-se-á de um imitador? À medida que novos corpos vão sendo descobertos, os seus medos ressurgem, principalmente quando Jane descobre que Hoyt fugiu da cadeia determinado a acabar o que começou... e desta vez a vingança será mais cruel do que ela pode imaginar."

03 agosto 2011

MEIA-NOITE E DOIS, Stephen King


Terror, Bertrand Editora
Este livro tem duas histórias distintas e nem sei porque é que não são separadas (aliás, há um outro livro Meia-Noite e Quatro que contém as duas outras histórias que, na versão original, estavam junto a estas). Seria muito mais fácil de transportar na mala...
Comecemos pela primeira parte. É a história de um grupo de passageiros de um avião que, ao acordar, descobre que os restantes passageiros pura e simplesmente se evaporaram, deixando os seus objectos pessoais (incluindo próteses e coisas do género) para trás. Inicialmente fez-me lembrar o primeiro livro da série Left Behind, sobre o "rapture", o momento em que Jesus leva os seus verdadeiros crentes para o céu e todos os outros ficam na Terra a sofrer as consequências (o que uma pessoa lê...). Mas Stephen King não tem nada de religioso. Para animar mais as hostes, não só os passageiros têm que lidar com o facto de os outros terem desaparecidos, mas também com a existência de um verdadeiro louco entre os "sobreviventes". E isto sem saber quanto mais tempo serão "sobreviventes". Gostei do pormenor de entre os objectos que ficam esquecidos se encontrarem navalhas... vê-se mesmo que o livro é escrito antes do 11 de Setembro de 2001.
A segunda história lê-se numa constante ansiedade, porque sabemos claramente que aquilo não vai acabar bem. Um escritor à beira do divórcio recebe um dia a visita de um estranho que lhe diz que ele plagiou uma das suas histórias. Começa depois o desespero do escritor de provar que não é verdade, à medida que vai multiplicando as mentiras à sua volta e a morte se vai aproximando.
Gostei de ambas as histórias, mas pensei que teria aproveitado muito mais se não fosse o resumo feito pela editora. Revela muito na sinopse ao referir uma "fenda no tempo" e um "personagem psicopata". Teria sido muito mais surpreendente não saber estes pormenores.