26 fevereiro 2010

Antes de começar... (11)


Livro: A Arte de Matar
Autor: Jonathan Santlofer
Editora: Editorial Presença
Colecção: Minutos:Contados_ n.º21
Ano: Novembro 2008

"Há muito que Kate McKinnon trocou o seu trabalho como detective da Polícia de Nova Iorque pela sua paixão pela história da arte. Mas quando uma pintura que doara ao Museu Modernista aparece vandalizada e outros crimes relacionados, incluindo homicídio, se sucedem, Kate sabe que pode combinar a sua experência e os seus conhecimentos de ambos os mundos para ajudar a descobrir que é o responsável. As únicas pistas de que dispõe são os pequenos quadros a preto e branco contendo indícios sobre o próximo ataque que o assassino vai deixando atrás de si. Agora Kate terá de evocar todas as suas forças, toda a sua intuição e toda a sua argúcia para o deter antes que ela própria se transforme num alvo. Tal como no anterior romane de Jonathan Santlofer publicado pela Presença, Anatomia do Medo, este livro inclui ilustrações do autor que traçam um percurso de crescente suspense e que, combinadas com um enredo que retrata o submundo do meio artístico nova-iorquino, criam um novo thriller magistral."

25 fevereiro 2010

O QUE FALTA AO TEMPO, Ángela Becerra


Romance, Casa das Letras
Imaginem o que é viver com o corpo de uma jovem que morreu apedrejada há vários séculos (mas que ainda parece viva) dentro do armário? Uma adolescente que é vista como uma Santa para um grupo secreto e parece servir como uma musa aos artistas que a rodeiam? Não deve ser fácil, certo? Assim se percebe que tipo de mulher pode ser Mazarine, uma pintora que se apaixona pelo seu mestre ao mesmo tempo que enfeitiça o filho deste. Isto enquanto percorre as ruas de Paris sempre descalça (sim, também quando há neve, daí chegar a apanhar uma pneumonia). Uma coisa é certa, as personagens deste romance - que se passa nos dias de hoje e não no século XIII ou XIV - não são nada monótonas. Mas às vezes tanta dúvida, tanta dualidade e tanta introspecção também podem cansar. Só conseguimos aguentar porque em redor deste triângulo amoroso interagem outras personagens, também elas interessantes. A leitura é facilitada pelos capítulos curtos (pensamos, "só mais um") mas não pela letra pequenina das 400 páginas. Uma coisa é certa, não é daqueles livros para levantar a moral.

24 fevereiro 2010

Citação do dia 11


"Estamos a morrer a cada dia; o que acontece é que o esquecemos. Se não o fizéssemos, não poderíamos viver. O esquecimento é um mecanismo de defesa, um véu que utilizamos para tapar o que nos dói."

in O QUE FALTA AO TEMPO, Ángela Becerra

23 fevereiro 2010

Antes de começar... (10)


Livro: O Que Falta ao Tempo
Autor: Ángela Becerra
Editora: Casa das Letras
Ano: Agosto 2009

"Mazarine é uma jovem estudante de pintura que vive sozinha no Quartier Latin de Paris. Na sua casa, guarda um valioso segredo que havia sido conservado através de gerações e que pode mudar o rumo da arte. A sua vida ver-se-á convulsionada pelo aparecimento de Cádiz, um génio da pintura, criador de um movimento revolucionário que desperta nela uma paixão sem limites.
Com este fascinante romance, Ángela Becerra, reconhecida como criadora do Idealismo Mágico, penetra no mais profundo da alma das personagens e leva ao limite a eterna dualidade humana. Uma história magnética e comovente que transcende a paixão e a razão, a inocência e a luxúria, o material e o espiritual, a inquietação e a calma, num imparável torvelinho de emoções e sentimentos que, linha a linha e até ao final, farão o leitor vibrar."

22 fevereiro 2010

A DÉCIMA SINFONIA, Joseph Gelinek


Romance, Casa das Letras
O livro gira à volta da ideia de que Beethoven não se ficou pela Nona Sinfonia e escreveu mesmo a Décima antes de morrer, aquela que seria a sua verdadeira obra prima. A personagem principal é um musicólogo, que enceta uma corrida para descobrir o assassino de um músico e chegar primeiro à partitura original. Se são daqueles para quem "partitura" já é uma expressão muito complicada, então esqueçam este livro. Eu mesmo com um ano de órgão no meu currículo musical (eu sei que não é muito, mas devia ajudar...) fiquei completamente à toa em algumas passagens. E descobri que "pentagrama" é outra forma de dizer "pauta". Os fãs de música clássica e especialmente de Beethoven vão ter também mais facilidade em recordar alguns dos temas que são falados (o livro devia era ter um CD incluído para ser mais fácil). Dito isto, e fora a questão da música, o policial dentro deste romance está bem imaginado e ficamos quase até ao fim a tentar perceber quem é o assassino (ok, na realidade eu mais ou menos que desconfiava, mas mesmo assim o autor conseguiu surpreender-me). Resumindo, um livro para passar algumas horas agradáveis.

11 fevereiro 2010

Antes de começar... (9)


Livro: A Décima Sinfonia
Autor: Joseph Gelinek
Editora: Casa das Letras
Ano: Janeiro 2009

"O mundo da música clássica revolucionou-se quando o prestigiado director de Orquestra Ronald Thomas interpretou, num concerto privado, a pretensa reconstrução do primeiro andamento da mítica Décima Sinfonia de Beethoven. Um dos convidados para o recital, o jovem musicólogo Daniel Paniagua, estranha ao ouvir uma música tão sublime e as dúvidas invadem-no: E se a partitura original da Décima Sinfonia existisse e tivesse chegado às mãos de Thomas? E se o génio de Bona tivesse vencido a pretensa «maldição da décima», que se diz que acabava com a vida dos compositores que tentaram terminá-la?
Após um cruel assassínio, começa uma perigosa corrida contra-relógio em que Daniel, ajudado por uma intrépida juíza e um perspicaz inspector de homicídios, tem de enfrentar influentes grupos de poder, desde obscuros homens de negócios a descendentes de Napoleão, que lutam para ficar com ao chamado «Santo Graal» da música clássica.
Nenhum deles sabe que a resposta para todas as perguntas está no tempestuoso passado de Beethoven e num amor proibido que ficou oculto até agora…"

10 fevereiro 2010

O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

Thriller, Editorial Presença
Qualquer livro que tem a capacidade de me fazer levantar da cama e fechar a porta do quarto à chave, que me faz duvidar da origem do som que eu sei ser do frigorífico ou da madeira a estalar, é um bom livro. O Círculo da Morte mexe com os nossos maiores medos: o do desconhecido e, é claro, o do papão. À nossa frente vemos desenrolar-se a história de Patrick, um jornalista frustrado que sempre quis ser um escritor. E o que começa com uns homicídios na sua vizinhança vai tornar-se cada vez mais pessoal até não existir qualquer dúvida de que ele será a próxima vítima. Mas a situação é tal que já nem conseguimos saber se mantém ou não a sua sanidade mental. Houve momentos em que cheguei a acreditar que Sam, o seu filho de oito anos, não existia e era só uma personagem da sua imaginação.
Um livro com momentos muito inteligentes cujo final não deixa de nos surpreender. Pelo menos não é um daqueles policiais que ao terceiro capítulo já adivinhámos quem é o assassino, apesar do autor pensar que não deixou pista nenhuma, ou daqueles filmes que já sabemos quem é o mau da fita porque é a personagem desempenhada pelo actor mais conhecido. Neste livro, o suspense é mantido mesmo quase até ao fim. Fico à espera do filme, que diz que vem aí.

08 fevereiro 2010

Citação do dia 10


"O desemprego consegue abrir vastíssimos desertos no meio dos dias mais cheios de preocupações, acreditem. As banalidades dos cuidados primários continuam a impor-se: refeições atrasadas, pausas para a retrete, intermináveis duches. Subsiste o correio, o cesto da roupa suja a transbordar, a consulta no dentista. Podemos ser suspeitos de homicídio e presas de um assassino em série e, mesmo assim, ter tempo para perder com a lacrimejante meia hora de conselhos sentimentais do
Dr Phil."

in
O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

07 fevereiro 2010

Citação do dia 9


"Os acontecimentos dos últimos dias vieram fornecer a resposta a uma antiquíssima pergunta: porque é que as personagens dos filmes de terror voltam à casa assombrada quando todos os espectadores gritam «foge daí! Mete-te no carro e não abrandes!»? A resposta é: porque só sabemos que estamos
dentro de um filme de terror quando é tarde de mais. Mesmo quando as regras que separam o possível do impossível começam a dar de si, não acreditamos que vamos acabar como mais um contributo para a contagem dos corpos. Achamos que somos o herói, o tal que vai resolver o enigma e sair vivo. Ninguém age como se a sua vida se resumisse a uma cena macabra.
No meu caso, além do mais, não é a casa que está assombrada. Sou eu."

in O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

06 fevereiro 2010

Citação do dia 8


"Gosto tanto de uma boa história de fantasmas como qualquer pessoa. Mas chega um momento em que é preciso acordar e regressar ao quotidiano, ao mundo em que as sombras são apenas sombras e a escuridão não passa de uma ausência de luz."


in O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

05 fevereiro 2010

Citação do dia 7


"Hoje em dia é mais provável que os miúdos que saem da escola de jornalismo tragam uma esteira para exercícios de ioga e uma garrafinha de água mineral do que um frasco de whisky e um maço de tabaco."

in O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

04 fevereiro 2010

Citação do dia 6


"O milénio que lá vinha, diziam-nos, abria as portas a um novo tipo de jornais, de mais fácil leitura, aptos para competir com a ameaça crescente da internet, dos canais de informação por cabo e do analfabetismo funcional generalizado. Os leitores tinham-se tornado impacientes. Palavras a mais eram tempo perdido. Em resposta, a secção de arte cedeu o lugar à coluna social. Os artigos encolheram para dar espaço às «notícias» sobre celebridades e para as fotografias de estrelas de cinema a passearem de óculos escuros com canecas de café com leite do tamanho de halteres nas mãos. Circularam memorandos a ditar que elaborássemos as nossas peças de modo a cativar não já adultos à procura de informação e análise, mas adolescentes com dificuldades de concentração."

in O CÍRCULO DA MORTE, Andrew Pyper

03 fevereiro 2010

Antes de começar... (8)


Livro: O Círculo da Morte
Autor: Andrew Pyper
Editora: Editorial Presença
Colecção: Minutos:Contados_ n.º23
Ano: Junho 2009

"Patrick Rush é um homem cuja vida se encontra em queda livre. Viúvo e há muito assombrado pela solidão paralisante, tem visto a sua carreira de jornalista a regredir constantemente enquanto luta com a responsabilidade de cuidar do filho pequeno e com o sonho de um dia se tornar escritor. É impulsionado por esse sonho que decide inscrever-se numa oficina de escrita criativa ou, como o orientador lhe prefere chamar, o círculo de Kensington. Cedo percebe, porém, que ali não vai conhecer nenhum prodígio literário, à excepção talvez de Angela, uma jovem que conta uma história lúgubre e hipnótica sobre uma criança atormentada por uma figura misteriosa que a persegue. Quando, ao mesmo tempo, o bairro onde Patrick vive começa a ser testemunha de acontecimentos com estranhas ligações à história de Angela, as fronteiras entre realidade e ficção tornam-se cada vez mais confusas e perturbadoras. Mas, como qualquer leitor compulsivo, Patrick não consegue deixar de sucumbir à necessidade de saber como a história acaba. Eleito Crime Novel of the Year pelo New York Times e já comparado a clássicos do género, este é um livro repleto de suspense que deixará os leitores irremediavelmente absorvidos pela sua intriga."

02 fevereiro 2010

NAUFRÁGIOS, Francisco Coloane


Não ficção, Cavalo de Ferro
Fui enganada... quer dizer, fui ao engano. Eu achava que este era um livro de contos, até porque na badana dizia que Francisco Coloane era uma espécie de Horacio Quiroga da Patagónia. Mas em vez de contos saiu-me a história de todos (duvido que lhe tenha escapado algum) os naufrágios que ocorreram na zona do estreito de Magalhães (começando pela própria expedição do Magalhães) e arredores. O autor junta-lhe depois umas reflexões próprias. Não há nada de mal nisso, mas ao fim de quatro ou cinco (eu li mais, juro), já chega. Desisti. Não é bonito, mas pronto, já está. Que me perdoe Coloane (coitado, já morreu em 2002), tenho a certeza que iria gostar dos contos dele. Pode ser que algum dia me passem pela mão.

01 fevereiro 2010

Antes de começar... (7)


Livro: Naufrágios
Autor: Francisco Coloane
Editora: Cavalo de Ferro
Ano: Outubro 2005

"Para mim, Coloane foi uma revelação. Era a primeira vez que me confrontava com histórias onde o vento soprava de verdade e porque me ensinava que o Chile era muito mais que o aborrecido Santiago, que existia um sul profundo onde o épico era o pão nosso de cada dia. Soube conferir aos seus personagens, todos eles marginais, perdedores que sabiam por que perdiam, uma identidade inédita na literatura escrita em espanhol. Coloane não escrevia do ponto de vista da compaixão, fazia-o a partir de uma barricada, do lado dos injuriados, e isso foi para mim um convite a imitá-lo. (...) Devo-lhe a determinação final para dedicar-me à escrita."
Luís Sepúlveda