31 janeiro 2010

ANATOMIA DO MEDO, Jonathan Santlofer


Thriller, Editorial Presença
Um livro muito original, porque além das palavras tem os desenhos. Além de escritor, Jonathan Santlofer é um artista conceituado com obras expostas nos principais museus norte-americanos, tendo desenvolvido uma história em que pode mostrar a sua arte. Assim, o personagem principal, Nate Rodriguez, é um desenhador que trabalha para a polícia de Nova Iorque a fazer os retratos dos suspeitos dos crimes a partir do testemunho das vítimas (e que tem uma espécie de sexto sentido, além de muito talento para a coisa). Por outro lado, o assassino de serviço tem também a mania de deixar um desenho do crime ao lado das vítimas. Razões mais que suficientes para que o livro esteja cheio de imagens, se bem que se podem tornar repetitivas e é preciso mais controlo para não passar as páginas e tentar adivinhar a história só pelos desenhos.
A história em si está muito bem conseguida, apesar de não haver o suspense de descobrirmos quem é o assassino. Sabemos praticamente desde o início. O interessante é conhecer o seu desfecho. Achei muita piada o facto de Nate ser meio judeu e meio porto-riquenho, com uma avó altamente envolvida na santeria (a religião dos antigos escravos) e a forma como consegue ler as emoções das outras personagens através do rosto e dos gestos inconscientes que fazemos. Um livro fácil de ler, com capítulos curtos e uma história que nos leva a pensar "só mais um e depois paro". O problema é que não é fácil parar.

30 janeiro 2010

Antes de começar... (6)


Livro: Anatomia do Medo
Autor: Jonathan Santlofer
Editora: Editorial Presença
Colecção: Minutos:Contados_ n.º15
Ano: Fevereiro 2008

"A Polícia de Nova Iorque tem em mãos uma investigação criminal de contornos no mínimo inusitados. Um serial killer psicopata e com ligações a grupos neo-nazis tem vindo a perpetrar uma série de assassínios com um traço comum e extremamente intrigante – na cena do crime surge sempre um desenho de grande qualidade artística que descreve os pormenores do próprio assassinato. E ninguém melhor que Nate, um desenhador dotado e muito intuitivo que trabalha para a polícia de Nova Iorque, para entrar na psique tortuosa do criminoso e ajudar a capturá-lo. Cada novo desenho vai aproximando os dois homens num duelo de artistas de consequências fatais. Com este thriller brilhante e inovador, Santlofer estabelece novas fronteiras para o género policial."

29 janeiro 2010

A CORAGEM DE CAMILA, Sandra Sabanero


Romance, Difel
Esta é a história de uma família mexicana, desde a pobreza até aos salões da alta sociedade e aos mais altos cargos políticos. Dinheiro (e o consequente poder) conseguido graças ao narcotráfico. Uma vida que acarreta consequências, como vai descobrir Camila. Uma mulher que apesar de toda a riqueza, não esquece o passado e aqueles tempos em que afinal era mais feliz. Sandra Sabanero conta-nos a história desta família e o seu triste desenlace através de um narrador omnipresente, intercalado com os pensamentos de Camila. É uma fórmula interessante, mas o livro não conseguiu apaixonar-me. Não senti aquela necessidade de deixar o zapping na televisão para acabar de ler as 410 páginas ou de ficar até altas horas da madrugada acordada. A capa também não ajuda muito (aquela mulher não me faz nada lembrar a personagem de Camila e o resto nem sei que ligação pode ter). O facto de ser uma realidade latino-americana, sobre a qual li até agora pouco, interessou-me muito mais. Esta história será a de quantas famílias na América Latina?

22 janeiro 2010

Antes de começar... (5)


Livro: A Coragem de Camila
Autora: Sandra Sabanero
Editora: Difel
Ano: 2009

"A poderosa e memorável saga de uma mulher heróica, que assumiu o seu destino com audácia, amor e humildade.
Numa sociedade plena de contrastes, desenrola-se a saga da família Quiroga.
Um dia, perante os olhos de Camila, ocorre um acidente trágico, cumprindo-se o presságio aziago do adivinho que outrora consultara.
A família Quiroga, oriunda do campo e assolada pela miséria, decidiu deixar Acubal e mudar-se para a cidade de Santa Ana, em busca de um futuro melhor. Contudo, nada corre como haviam pensado. Orlando, Camila e Emiliano terão de passar fome e sofrer humilhações, sem verem mudanças significativas. Desesperado com a situação, Orlando opta por seguir um caminho que o fará viver "sem preocupações", mas o preço a pagar será muito alto. Entretanto, a vida de Camila terá uma mudança inesperada. Sobre a morte, o sangue e a infelicidade, ela tentará construir um mundo mais justo.
A adversidade, a impotência perante o destino, a vingança e a necessidade de redenção, assim como o amor não correspondido são uma constante da trama das personagens que, um dia, enquanto não compreendiam a realidade que as circundava, foram felizes…
A Coragem de Camila é a história de uma heroína trágica, repleta de surpresas e contrastes, em que a situação das mulheres, a corrupção política, a injustiça e o narcotráfico dominado pelos barões da droga são abordados de forma incisiva e comovente."

21 janeiro 2010

ONCE AGAIN TO ZELDA, M. Wagman-Geller


Não ficção, Picador
A ideia de fazer um livro sobre as dedicatórias de livros pareceu-me muito boa... e funciona. Em quatro ou cinco páginas, Marlene Wagman-Geller revela-nos uma breve biografia dos autores de 50 grandes livros, a partir das pessoas a quem eles os dedicaram. Seja os pais, os maridos ou mulheres, os amantes, os filhos ou os amigos. Bem, com este livro ficamos a saber que os autores são quase sempre infiéis, casam-se como se não houvesse amanhã, são sempre infelizes (salvo raras excepções), têm desejos suicidas (às vezes até mesmo práticas) ou simplesmente não têm sorte. Basicamente, são trapos. Com tanto exemplo negativo, porque é que ainda há tanta gente a querer ser escritor? Não percebo, mas ainda bem que os há. Voltando ao livro, o único problema é mesmo a autora ter a mania que é boa e terminar quase sempre a histórias com um trocadilho com o nome do respectivo livro ou até das últimas palavras o autor. Um exemplo: The Heart is a Lonely Hunter, de Carson McCullers. Fim do texto: Maybe in the next world, unlike this one, her heart no longer had to be "a lonely hunter". Havia necessidade? Não, não havia.

15 janeiro 2010

Antes de começar... (4)


Livro:
Once again to Zelda (fifty great dedications and their story)
Autora: Marlene Wagman-Geller
Editora: Picador
Ano: 2009

"The dedication of a novel is the most personal and public of gestures, and yet we don't often stop to consider how it came to be inspired. This charming 'behind the scenes' book traces the relationships immortalized in the dedications to fifty novels that are an intrinsic part of literary and pop culture.
Sometimes tragic, often romantic, and always engaging, these are intimate glimpses into the lives of the writers we admire and the people they loved.
Charlotte Brontë dedicated Jane Eyre to William Makepeace Thackeray, setting literary London ablaze with gossip. Ayn Rand dedicated Atlas Shrugged to both her husband and her lover. Sylvia Plath dedicated The Bell Jar to the friends who offered her refuge after the end of a marriage. And F. Scott Fitzgerald dedicated The Great Gatsby to his wife, Zelda, the tumultuous love of his life..."

PS. Prenda de Natal 2009 da minha irmã

14 janeiro 2010

LUA-DE-MEL EM PARIS, Elizabeth Adler


Romance, Quinta Essência
Gostava de saber quantas pessoas acabaram de ler este livro e foram a correr comprar um bilhete de avião para Paris e depois alugaram um carro para acabar a viagem no Mediterrâneo. Porque é precisamente isso que me apetece fazer agora. Não para viver a história de amor de Lara e Dan (quer dizer, não digo que não a nenhuma história de amor), mas para conhecer as aldeias medievais com os seus castelos que Elizabeth Adler tão bem descreve. E provar todos os pratos de que fala... Se bem que talvez tivesse gostado ainda mais se a autora se tivesse centrado em menos localidades. Foi o que fez no seu anterior romance traduzido para português, Romance na Toscana (li-o há uns meses num só dia e adorei).
Quanto à história, não há nada a apontar: está bem construída e tem os pontos certos de tensão. O mesmo se passa com as personagens, em relação às quais é fácil sentir empatia. Lara tem 45 anos e descobre que está a ser traída pelo marido médico. Resolve por isso levar Dan, o construtor de 32 anos com quem acaba de se envolver, na viagem que devia ter feito com o marido, refazendo o percurso da sua lua-de-mel. Todos os ingredientes para um óptimo romance, que garante umas boas horas de leitura. Estou desejosa de ter nas minhas mãos o primeiro romance de Adler em português, Casamento em Veneza, e de saber que outros dos seus 21 livros vão ser traduzidos.

12 janeiro 2010

Antes de começar... (3)


Livro: Lua-de-mel em Paris
Autora: Elizabeth Adler
Editora: Quinta Essência
Ano: Janeiro 2010

"Paris, a cidade mais romântica do mundo, é palco de luas-de-mel de sonho e de paixões recentemente descobertas. E para Lara Lewis é o lugar onde ela e o marido viveram o amor no seu melhor. Mais de vinte anos depois, Lara deseja reacender a chama do seu casamento e planeia uma aventura romântica para os dois: reconstituir todos os momentos da sua idílica lua-de-mel em Paris e pela França, visitar os mesmos lugares, comer nos mesmos restaurantes, explorar as mesmas aldeias mágicas. Porém, quando o marido lhe diz, à última hora, que existe outra mulher na sua vida, o coração de Lara quase se estilhaça em mil pedaços.
Algures na estrada da vida, Lara perdeu-se a si própria. Agora, terá de descobrir um novo rumo para a sua existência. Inesperadamente, Lara dá um passo ousado e convida um homem, mais novo e com quem ela acaba de se envolver, para fazer a tão desejada segunda lua-de-mel. O que se segue é a história de dois apaixonados errando pela França numa louca aventura romântica, que se inicia com voos perdidos e bagagem extraviada e termina como sendo a viagem de uma mulher para se encontrar a si própria e ao amor que lhe escapou a vida inteira.
Lua-de-mel em Paris é uma incursão apaixonante pelos sabores, sons, paisagens e aromas de França e a história de uma mulher que se reconcilia com o seu passado e se converte na mulher que sempre desejara ser."

11 janeiro 2010

A MÃO DO DIABO, Dean Vincent Carter


Terror/Fantasia, Edições Asa
A verdade é que eu não sou o público alvo deste livro e por isso mesmo não gostei. A mão do diabo faz parte da colecção Romance Jovem e é para os adolescentes que se destina. Se calhar se ainda fosse uma "teenager" iria adorar a história de um mosquito do tamanho de um pequeno pássaro, que já foi uma mulher, que é capaz de comunicar com a mente dos humanos e matar de forma excruciante. Mas como os anos "teen" já ficaram muito lá para trás, não gostei. O livro não criou um suspense que me mantivesse agarrada às páginas e desejosa de conhecer o final. Também não ajudou o facto de sabermos logo desde o primeiro capítulo que o personagem principal, o jornalista Ashley Reeves, se safa, afinal, todo o livro é escrito como recordação. A verdade é que esperava outra coisa quando li o texto da contracapa.

09 janeiro 2010

Citação do dia 5


"Crispada numa garra de morte, uma mão emergia de uma pilha emaranhada de corpos, uns vestidos, outros nus, todos em diferentes estados de decomposição. Subitamente, comecei a tremer e, respirando com dificuldade, pus-me de pé, olhando para o horror lá em baixo. Foi então que, na sala atrás de mim, alguma coisa caiu com estrépito no chão. Todo o meu corpo se sacudiu, reagindo ao som, e perdi o equilíbrio, caindo irremediavelmente para a frente e para dentro da sepultura aberta."

in A MÃO DO DIABO, Dean Vincent Carter

07 janeiro 2010

Antes de começar... (2)


Livro: A mão do diabo
Autor: Dean Vincent Carter
Editora: Asa
Ano: 2009

“Quando o jovem jornalista Ashley Reeves recebe uma carta que lhe promete o furo jornalístico da sua vida, abandona o seu escritório em Londres sem hesitar. A enigmática carta, para além de levantar o véu sobre a história do último exemplar de uma invulgar espécie de insecto conhecida como Mosquito Vermelho do Ganges, inclui indicações sobre como chegar à estranha Ilha de Aries.
Lá, Ashley Reeves depara-se com o remetente da carta, Reginald Mather, que, aparentemente, não passa de um excêntrico coleccionador que aprecia o isolamento da ilha acima de tudo. Mas à medida que Reeves vai desenterrando a verdade, vai enterrando-se ele próprio no mais macabro dos pesadelos. De um momento para o outro a sua vida fica em perigo... e Mather não é o seu único inimigo!”

06 janeiro 2010

ANACONDA, Horacio Quiroga


Contos, Cavalo de Ferro
Em primeiro lugar dizer que não estou habituada a ler contos, sinto sempre que as histórias poderiam dar um livro completo. Dito isto, as que melhor funcionam neste formato, na minha opinião, são as que incluem algum humor. O uruguaio Horacio Quiroga consegue faze-lo muito bem em alguns dos contos de Anaconda, mas não especialmente no que dá nome ao livro. Foi mesmo uma das piores histórias. De resto, o escritor do início do século XX, com uma vida nada fácil (matou acidentalmente um amigo, teve casamentos turbulentos e dificuldades económicas, acabando mesmo por se suicidar com cianeto) consegue explorar as dificuldades das regiões remotas da América do Sul. Um dos contos de que mais gostei foi “O Simum”, no qual descreve o desespero de passar dias e dias no meio da selva, sempre a chover e sem nada para fazer. Se acham que é mau, ele depois conta o contrário, dias e dias no meio do deserto, com constantes tempestades de areia, em que um legume fresco seca em minutos nas nossas mãos. Não sei o que será pior...

05 janeiro 2010

Citação do dia 4


"As mulheres magras são encantadoras na rua, sob as mãos de um costureiro, sempre, todas as vezes que o objecto a admirar seja não a linha do corpo mas sim a do vestido. Fora destes casos, pouco agradáveis são."

in ANACONDA, Horacio Quiroga

04 janeiro 2010

Citação do dia 3


"Se alguma coisa deve comer, e comer bem, é o amor. Amor e dieta... Não, com mil diabos!"
in ANACONDA, Horacio Quiroga