22 dezembro 2010

Antes de começar... (46)


Livro:
A cor do hibisco
Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Asa
Ano: Julho de 2010

"Os limites do mundo da jovem Kambili são definidos pelos muros da luxuosa propriedade da família e pelas regras de um pai repressivo. O dia-a-dia é regulado por horários: rezar, dormir, estudar e rezar ainda mais. A sua vida é privilegiada mas o ambiente familiar é tudo menos harmonioso. O pai tem expectativas irreais para a mulher e os filhos e pune-os severamente quando se mostram menos que perfeitos.
Quando um golpe militar ameaça fazer desmoronar a Nigéria, o pai de Kambili envia-a, juntamente com o irmão, para casa da tia. É aí, nessa casa cheia de energia e riso, que ela descobre todo um novo mundo onde os livros não são proibidos, os aromas a caril e a noz-moscada impregnam o ar, e a alegria dos primos ecoa.
Esta visita vai despertá-la para a vida e o amor e acabar de vez com o silêncio sufocante que a amordaçava. Mas a sua desobediência vai ter consequências inesperadas...
Uma obra sobre a ânsia pela liberdade, o amor e o ódio, e a linha ténue que separa a infância da idade adulta, que marcou a estreia de uma escritora extraordinária."

Um livro que veio daqui

21 dezembro 2010

I HEART NEW YORK, Lindsey Kelk


Romance, Harper
É por isto que eu adoro ficção: digam-me o nome de uma mulher que tenha sido traída e tenha corrido para Nova Iorque onde, de repente, está a sair com dois dos melhores partidos da cidade e ainda por cima arranja um emprego de sucesso? (já sabemos que a "Cinde-fucking-rella" não conta - à esperem, esta não é prostituta). Isto, claro, depois de ter feito uma mudança de visual brutal - e comprado uma mala Marc, by Marc Jacobs. Ai tenho tanta pena da Angela... Não me importava nada de estar no mesmo dilema que ela: Wall Street ou Brooklyn. Vá lá, já me contentava com o dilema Parque das Nações ou Bairro Alto... Um conto de fadas da era moderna que só me desiludiu pelo facto de não explorar mais Nova Iorque - com um título destes (e que feio que o título é), gostava de ter "visto" mais da grande maça.

16 dezembro 2010

Antes de Começar... (45)


Livro:
I heart New York
Autor: Lindsey Kelk
Editora: Harper
Ano: 2009

"Fleeing her cheating boyfriend and clutching little more than a crumpled bridesmaid dress, a pair of Louboutins and her passport, Angela jumps on a plane - destination NYC.
Holed up in a cute hotel room, Angela gets a New York makeover from her NBF Jenny and a whirlwind tour of the city that never sleeps. Befores she knows it, Angela is dating two sexy guys. And, best of all, she gets to write about it in her new blog (Carrie Bradshaw eat your heart out). But it's one thing telling readers about your romantic dilemmas, it´s another figuring them out for yourself...
Angela has fallen head over heels for the big apple, but does she heart New York more than home?"

15 dezembro 2010

UM AMOR EM SEGUNDA MÃO, Isabel Wolff


Romance, Contraponto
Assim de repente, apetece-me imenso usar roupa vintage, não sei porquê… Venham de lá esses vestidos Balenciaga, St. Michael ou as camisas de noite de algodão francesas das décadas de 1920 e 1930 compradas para o enxoval de alguém e nunca usadas (de preferência). A história de Um Amor em Segunda Mão desenrola-se em volta de uma loja de roupa vintage e da sua proprietária e damos por nós a querer um dos vestidos-queque de baile que Phoebe Swift tem pendurados nas paredes (o de cor de cacau é meu, estou já a avisar). Confesso que fiquei super-animada quando comecei a ler a sinopse, mas que fiquei com medo quando chegou à parte da perda da melhor amiga e depois a referência à II Guerra Mundial e a um casaquinho de criança. Queria ler uma coisa levezinha e não me estava a apetecer muito ler sobre tragédias. Confesso que já estou a ficar farta de ler histórias de crianças que viveram (e morreram?) durante o Holocausto. Mas resolvi arriscar e, apesar de mencionar esses acontecimentos tristes e de eles serem essenciais para o desenvolvimento da história, não a dominam. Não sei, senti que podia respirar entre as descrições desses maus momentos. Pronto, admito, desde o início que estava à espera de um final feliz (isso não significa que não tenha chorado…) No fundo, este é um livro sobre amizades e sobre culpa, mas nunca nos consegue deixar com um nó na garganta. Um livro que os amantes de roupas não devem perder (adoro a capa, já agora).

09 dezembro 2010

Antes de começar... (44)


Livro:
Um Amor em Segunda Mão
Autor: Isabel Wolff
Editora: Contraponto
Ano: Setembro de 2010

"Um Amor em Segunda Mão conta a história de Phoebe Swift, uma especialista em história da moda que decide abruptamente deixar o seu emprego na prestigiosa leiloeira Sotheby's para abrir o seu próprio negócio - uma pequena loja de roupa vintage no Sul de Londres, chamada Vintage Village.
Ao mesmo tempo, Phoebe está a lidar com a recente perda da sua melhor amiga, Emma, e com a separação do seu noivo. Por isso, refugia-se no trabalho - restaurando as maravilhosas peças de roupa que compra, revendendo-as para que tragam algum glamour à vida das suas clientes.
Mas Phoebe não consegue deixar de pensar nas "vidas passadas" destas roupas – nas histórias que contariam se pudessem falar.
Um dia conhece Thérèse Bell, uma senhora de idade, de origem francesa, com uma belíssima colecção de moda para vender. Entre os fatos elegantes e vestidos de alta costura, Phoebe encontra um casaquinho de criança azul que data da época da Segunda Guerra Mundial - uma peça que a Sr.ª Bell se recusa a vender. À medida que se vão tornando amigas, Phoebe vai escutando a triste e inspiradora história por trás do casaquinho azul e descobre uma ligação inesperada entre a vida da Sr.ª Bell e a sua, uma ligação que lhe permitirá libertar-se da dor do passado e voltar a amar."

Um livro que veio daqui

08 dezembro 2010

WHITE JAZZ - NOITES BRANCAS, James Ellroy


Policial, Editorial Presença
Desisti… e eu não costumo desistir. E olhem que já ia a meio, por isso não me podem acusar de não ter tentado. Mas simplesmente não consigo entrar na história: são muitos personagens, introduzidos como se fosse óbvio quem são - e eu não consigo perceber quem são. Algumas são personagens reais: graças ao Leonardo Di Caprio sei que existiu um Howard Hughes que era fanático por aviões e cinema, mas de resto, passa-me ao lado. E como não tenho conhecimento da Los Angeles do final dos anos 1950, não percebo nada do que se está a passar. E não me apetece ir pesquisar os nomes um a um na wikipedia para ver quem é real e quem é ficção… Só sei que não havia naquela cidade um polícia que não fosse corrupto.
Também não facilita as coisas a linguagem em que está escrito. Facto 1: os dados são apresentados como se fossem telegramas. Facto 2: às vezes são apresentados em artigos de jornais (que, como jornalista, não me parecem verosímeis). Conclusão: somos nós que temos de tirar as conclusões. Lamento, mas não consigo fazê-lo quando já estou tão confusa que não percebo quem está a fazer o quê - e estou a rezar para que se matem uns aos outros, pelo menos isso reduziria o número de personagens.
Digo apenas isto, se está familiarizado com a Los Angeles dos anos 1950, então leia este livro, vai gostar. Caso não esteja, então escolha outro policial.

22 novembro 2010

Antes de começar... (43)


Livro:
White Jazz - Noites Brancas
Autor: James Ellroy
Editora: Editorial Presença
Ano: Julho de 2010

"Los Angeles, 1958. O FBI decide proceder a uma investigação para acabar com as lotarias clandestinas do pugilismo, ligadas ao crime organizado e às máfias que proliferam em toda a região do Sul da Califórnia. No entanto esta iniciativa é encarada como manobra política e forma de lançar suspeitas sobre o Los Angeles Police Department. O tenente Dave Klein, um polícia com um passado pouco recomendável, é destacado para investigar um assalto, mas envolve-se numa trama de interesses contraditórios e torna-se um possível alvo a abater no fogo cruzado entre os rivais, Dudley Smith, o polícia mais corrupto de Los Angeles, e Ed Exley, o chefe dos inspectores do Los Angeles Police Department. Klein terá de recorrer a todas as armas de que dispõe para se defender, num jogo que pouco tem de limpo. O seu percurso levá-lo-á aos clubes de jazz do Sul da cidade, onde se cruza com os ícones do be-boop, os amantes do white jazz, e tantas outras personagens do submundo do crime, habituais nos romances de Ellroy.

21 novembro 2010

HARRY POTTER AND THE DEATHLY HALLOWS, J.K. Rowling


Fantasia, Bloomsbury
O que é que eu posso dizer... é o Harry Potter. Podia acabar aqui e ir-me embora, porque estava tudo dito. Este livro é o sétimo de uma série que comecei a ler há mais de dez anos. Ouvia falar tão bem do primeiro, que o comprei. E a partir daí fiquei viciada, de tal forma que nos últimos livros já não esperei pela versão em português - o quê, metade do mundo já sabia o que acontecia e eu ficava à espera? Nem pensar. E depois de tanto tempo à espera, chegou o último em Julho de 2007. Como é obvio, devorei-o. De tal forma que, três anos depois, quando o filme estreou, já não me lembrava de metade das coisas. E assim que saí da sala do cinema (sim, porque isto de ser jornalista tem os seus privilégios, um deles chamado visionamento de imprensa), corri a ir resgatar o livro da prateleira. Voltei a lê-lo como se fosse a primeira vez e não me desiludi. Acho que J.K. Rowling fechou o círculo da melhor forma. Não deixou pontas soltas e foi com prazer que me voltei a despedir destas personagens. Agora só falta mais um filme e depois, quem sabe se daqui a outros dez anos, voltar a ler toda a série desde o início. Por enquanto, tenho que voltar à minha vida de Muggle.

13 novembro 2010

Antes de começar... (42)


Livro:
Harry Potter and the Deathly Halows
Autor: J.K. Rowling
Editora: Bloomsbury
Ano: 2007

"Harry is waiting in Privet Drive. The Order of the Phoenix is coming to escort him safety away without Voldemort and his supporters knowing - if they can. But what will Harry do then? How can he fulfil the momentous and seemingly impossible task that Professor Dumbledore has left him?"

09 novembro 2010

O NOVÍSSIMO TESTAMENTO, Mário Lúcio Sousa


Romance, D. Quixote
Tinha ouvido falar deste livro e, assim que tive oportunidade, deitei-lhe as mãos. Sabia por alto qual era a história, que me parecia muito divertida, mas nada mais. Pois bem, alguém me podia ter avisado que o autor não é fã dos pontos finais. E para não caírem no mesmo erro aí vai: não há um único ponto final em todo o livro - excepto na pequena biografia e na contracapa. Todos são substituídos por vírgulas. E peço desculpa, mas os pontos finais existem por uma boa razão: assinalar as pausas e facilitar a leitura. Especialmente quando, e é este o caso, a linguagem utilizada é de alguma complexidade, quando existe poesia naquilo que está escrito. Vamos lá ver uma coisa: havia necessidade de indicar todos os produtos à venda numa mercearia? Só com isso é quase uma página.
A minha parte favorita, confesso, é a lista de definições que começa em palerma ("aquela pessoa que pensa que não deve pensar") e termina em aluado ("aquele que pensa às vezes em crescente, às vezes em minguante"). Essas três páginas estão brilhantes, até porque me lembraram discussões passadas que nunca mais foram retomadas, mas o resto.... É um livro muito difícil de ler, temos de estar cem por cento focados e é muito fácil começarmos a pensar noutra coisa qualquer. E sinceramente, acho que a ideia é muito gira, mas acaba por se perder no meio de toda a poesia. Por isso, fiquei desiludida.

29 outubro 2010

Antes de começar... (41)


Livro:
O Novíssimo Testamento
Autor: Mário Lúcio Sousa
Editora: D. Quixote
Ano: Setembro de 2010

"No tempo em que os Portugueses imperavam sobre o arquipélago de Cabo Verde, aconteceu num domingo de Páscoa, na minúscula freguesia do Lém, estar a morrer a mulher mais beata que a ilha de Santiago conhecera. Interpelando-a as netas sobre a sua última vontade, não quis ela, como seria de esperar, chamar o padre, respondendo em vez disso que gostaria de ser fotografada. Porém, assim que o flash disparou, um mistério inexplicável varreu a ilha de lés a lés; e quando, ao fim de muitas peripécias, a fotografia foi finalmente revelada, a surpresa foi tão impossível que não houve, no mundo inteiro, uma só alma que conseguisse manter a boca fechada. A ilha quase ia ao fundo com a confusão...
Se o Antigo Testamento anuncia a vinda do Messias e o Novo Testamento narra a vida, a morte e a ressurreição de Jesus, este Novíssimo Testamento é uma autêntica revolução: pois dá testemunho da reencarnação de Jesus no corpo de uma mulher - ilhéu e africana - que parece ter vindo inaugurar a Terceira Idade do Mundo, mas não está livre de enfrentar os preconceitos sociais, religiosos e políticos do seu tempo.
Vencedor do Prémio Literário Carlos de Oliveira em 2009 pela notável capacidade de efabulação (basta referir o menino que desabotoa vestidos com assobios ou a lua velha que dá noites ferrugentas) e pelo poder da linguagem (um léxico vasto e rico), este romance aborda o religioso de uma forma original que denota um amplo conhecimento sobre o tema. Irónico, satírico e, por vezes, profundamente hilariante, O Novíssimo Testamento há-de ser Sagrada Escritura para muitos leitores."

28 outubro 2010

PRIDE AND PREJUDICE AND ZOMBIES, Jane Austen e Seth Grahame-Smith


Romance, Quirk Classics
Orgulho e Preconceito é um dos meus livros favoritos, se não mesmo o meu livro favorito. E esta versão da história de Elizabeth e Mr. Darcy está hilariante. Adoro o facto de as heroínas da história serem verdadeiras heroínas, afinal são elas que ajudam a limpar a terra dos mortos-vivos. Treinaram no Oriente com os monges de Shaolin (lindo!!) e são mestres no uso de catanas e armas de fogo. O que dizer quando em vez de convidar Elizabeth para usar o piano da sua casa quando quiser praticar, Lady Catherine de Bourgh coloca antes o seu dojo à disposição dela? Os diálogos de Jane Austen estão lá, mas as batalhas entre os personagens vão mais além das palavras. Quem não acha que a tia de Darcy merece uma boa porrada? É tudo divinal, como a própria capa do livro. Uma verdadeira reinvenção do clássico, que deve ser lido pelos que gostam do original e têm sentido de humor. Aqueles que não o têm vão ficar chocados ao ver a pobre Charlote a transformar-se em zombie, mesmo debaixo das barbas do patético Mr. Collins...
Dito isto, sei que existem mais livros da série, mas não tenho a certeza se gostava ou não de ler mais. Ler um é divertido, mas até que ponto o formato não cansará?

21 outubro 2010

Antes de começar... (40)


Livro:
Pride and Prejudice and Zombies
Autor: Jane Austen e Seth Grahame-Smith
Editora: Quirk Classics
Ano: 2009

"It is a truth universally acknowledged that a zombie in possession of brains must be in want of more brains." So begins Pride and Prejudice and Zombies, an expanded edition of the beloved Jane Austen novel featuring all-new scenes of bone-crunching zombie mayhem. As our story opens, a mysterious plague has fallen upon the quiet English village of Meryton - and the dead are returning to life! Feisty heroine Elizabeth Bennet is determined to wipe out the zombie menace, but she's soon distracted by the arrival of the haughty and arrogant Mr. Darcy. What ensues is a delightful comedy of manners with plenty of civilized sparring between the two young lovers - and even more violent sparring on the blood-soaked battlefield. Can Elizabeth vanquish the spawn of Satan? And overcome the social prejudices of the class-conscious landed gentry? Complete with romance, heartbreak, swordfights, cannibalism, and thousands of rotting corpses, Pride and Prejudice and Zombies transforms a masterpiece of world literature into something you'd actually want to read."

20 outubro 2010

O ANO DO NEVOEIRO, Michelle Richmond


Romance, Editorial Presença
Confesso que não sei porque é que fiquei com este livro, porque o tema não é daqueles que me interessa por aí além. O desaparecimento de criancinhas faz-me sempre lembrar a Maddie e esse é um livro que parece que não tem fim. Por isso, a única coisa que pensei quando comecei a ler O Ano do Nevoeiro foi: espero que este não seja um daqueles livros com final em aberto. Para isso basta a vida real. Bem, este tem fim, mas no todo não é nada de espectacular. A história é simples: uma criança que desaparece num dia de nevoeiro, quando a namorada do pai desvia o olhar por uns segundos. E são esses segundos que vão mudar para sempre a vida de Abby, que vive obcecada por se lembrar de qualquer pormenor que possa ajudar a encontrar Emma. Todas as teorias sobre memória devem estar neste livro, desde o caso do homem que não conseguia esquecer nada (pode parecer interessante, mas imaginem lembrarem-se da roupa que vestia o desconhecido pelo qual passaram há 20 anos na rua x!) ao do homem com memória de peixe, ou seja, nenhuma. Pormenores giros no meio de outros pormenores sobre a fotografia (Abby é fotógrafa), uma relação que está condenada a não resultar, um interesse súbito pelo surf e uma viagem à Costa Rica... No final, um daqueles livros que não deixa marca e que daqui a um mês já não me vou lembrar do nome.

05 outubro 2010

Antes de começar... (39)


Livro:
O Ano do Nevoeiro
Autor: Michelle Richmond
Editora: Editorial Presença
Ano: Julho de 2010

"Uma mulher e uma criança passeiam na praia, numa fria manhã de Verão. O nevoeiro branco é tão denso que a visibilidade não ultrapassa alguns metros. A criança, irrequieta, solta-se por momentos da mão da mulher. Esta enquadra-a na câmara fotográfica, dispara por duas vezes, mas depois a sua atenção é desviada por uma forma sobre a areia. Minutos depois, quando volta a procurar a criança, esta tinha desaparecido completamente. Foi o seu maior erro... Porque Emma não é sua filha, mas do seu noivo Jake e de um anterior casamento deste. A polícia entra em campo, fazem-se repetidas buscas, mas decorrem dias, semanas, meses e nem o mar devolve o corpo, nem se encontra rasto da menina desaparecida. No olhar de Jake, além da dor, há uma acusação muda. Abby nega-se a perder a esperança, explora obsessiva e incessantemente a sua memória na tentativa de descobrir um pormenor ínfimo que lhe permita encontrar a verdade que aquele desaparecimento esconde. Uma história escrita com grande sensibilidade e beleza e uma capacidade rara para prender o leitor."

04 outubro 2010

THE TIME TRAVELER'S WIFE, Aundrey Niffenegger


Romance, Vintage Books
Ao contrário do que costuma acontecer, vi primeiro o filme e só depois decidi ler o livro. E foi como se tivesse lido a última página antes do tempo - coisa que nunca faço. Perdi por isso o interesse em seguir a história deste viajante no tempo, porque nada me surpreendia. Dava por mim apenas tentar encontrar as discrepâncias em relação ao filme (que são algumas), em vez de me limitar a apreciar o livro. A história está muito bem pensada (não detectei nenhuma incongruência) e conseguimos manter-nos "no tempo" porque antes de cada capítulo indica a idade de cada uma das duas personagens principais, que funcionam também como narradores alternados. Acho que o livro podia melhorar se houvesse o relato de alguma tentativa de Henry mudar algum acontecimento. Limitar-se a dizer que já tentou e não resultou, porque já foi o seu passado, ou que se fizesse as coisas de outra forma de nada adiantaria... ficamos a pensar que com a mesma ideia a autora podia ter feito muito mais.

22 setembro 2010

Antes de começar... (38)


Livro:
The Time Traveler's Wife
Autor: Audrey Niffenegger
Editora: Vintage Books
Ano: 2005

"This is the extraordinary love story of Clare and Henry who met when Clare was six and Henry was thirty-six, and were married when Clare was twenty-two and Henry thirty. Impossible but true, because Henry suffers from a rare condition where his genetic clock periodically resets and he finds himself pulled suddenly into his past or future. In the face of this force they can neither prevent nor control, Henry and Clare's struggle to lead a normal lives is both intensely moving and entirely unforgettable."

11 setembro 2010

SOMBRAS QUEIMADAS, Kamila Shamsie


Romance, Civilização Editora
Uma escrita linda (não tenho mesmo outra forma de o explicar), mesmo quando em causa está o momento da explosão da bomba nuclear em Nagasáqui ou a guerra no Afeganistão. As imagens que a autora paquistanesa consegue transmitir, a emoção dos sentimentos vividos pelos personagens (e não é fácil identificarmo-nos com uma japonesa que casa com um muçulmano indiano e vai viver para o Paquistão), tudo nos prende nesta narrativa dividida por quatro momentos distintos e outros tantos locais. A caminhar para o final, um sentimento de sufoco, quando a narrativa se vai afunilando e uma única saída parece possível. Este seria um daqueles livros que eu ficaria a devorar até ficar sem páginas, provavelmente às tantas da madrugada, mas que dei por mim a ler aos bocadinhos, com receio do que sabia que aí vinha. E porque há livros em que não faz sentido um "e viveram felizes para sempre", fiquei feliz por não encontrar um qualquer twist final. Um livro que recomendo, sem sombra de dúvida.

01 setembro 2010

Antes de começar... (37)


Livro:
Sombras queimadas
Autor: Kamila Shamsie
Editora: Civilização Editora
Ano: Março de 2010

"9 de Agosto de 1945. Nagasaki. Hiroko Tanaka, de 21 anos, embrulhada num quimono com três grous pretos estampados nas costas, está apaixonada pelo homem com quem vai casar, Konrad Weiss. Num milésimo de segundo, o mundo fica branco. No entorpecimento consequente ao explodir da bomba que oblitera tudo o que ela conheceu, apenas restam as queimaduras em forma de ave nas suas costas, uma memória indelével do mundo que perdeu.
Dois anos depois, procurando recomeçar, Hiroko viaja para Deli. Vai conhecer a meia-irmã de Konrad, Elizabeth, o marido desta, James Burton, e o empregado deles, Sajjad Ashraf. Com o passar dos anos, outros lares substituem os que ficaram para trás e as velhas guerras são ultrapassadas perante os novos conflitos. Mas as sombras da história – pessoais, políticas – alongam-se sobre os mundos entrelaçados dos Burton, dos Ashraf e dos Tanaka quando são transportados do Paquistão para Nova Iorque, e, no espantoso clímax da história, para o Afeganistão no pós-11 de Setembro."

31 agosto 2010

O BOM LADRÃO, Hannah Tinti


Romance, Asa
"Com a mestria de Charles Dickens e toques de fantasia de Harry Potter… Magia pura e simples." Foi assim que o New York Times descreveu este livro, a confiar na frase colocada na capa. Será que o leram??? Eu confesso que não li Charles Dickens, mas vi muitos filmes e consigo ver como Ren pode ser uma personagem retirada do mesmo mundo que Oliver Twist ou David Copperfield (excepto que em vez de se passar no Reino Unido a história passa-se nos EUA). Agora, Harry Potter??? Vá lá, será que os senhores do New York Times não sabem que os livros de J.K. Rowling são mesmo sobre um mundo mágico e que não existe um ponto dessa magia (ou sequer fantasia!) n' O Bom Ladrão? Sinceramente não consigo perceber a ligação ao Harry Potter, a não ser por Ren ser órfão, mas… vá lá! Pronto, como fã do Harry Potter já descarreguei essa parte… Agora, ignorando essa frase na capa, o livro conta a história de um órfão retirado pelo alegado irmão de um orfanato onde passou toda a vida. O "irmão" acaba por não se revelar a pessoa que demonstrava ser e arrasta-o para o mundo do crime, que inclui assaltar cemitérios à noite. Personagens incluem um assassino grandalhão, mas amiguinho, e um anão que vive no telhado (será que é aqui a parte da fantasia….). Uma história sobre o poder da amizade (sem um pingo de magia!)

25 agosto 2010

Antes de começar... (36)


Livro:
O Bom Ladrão
Autor: Hannah Tinti
Editora: Asa
Ano: Julho de 2010

"Ren tem doze anos e vive num orfanato. Nunca conheceu os pais, não sabe como perdeu a mão esquerda nem o seu próprio nome, pois tinha apenas três iniciais – REN – bordadas na roupa com que foi abandonado. Ele sonha com uma família e um lar, mas a sua deformidade faz com que seja sempre preterido a favor das outras crianças. Até ao dia em que aparece Benjamin Nab, que desvenda o mistério da mão de Ren e afirma ser seu irmão. Os monges do orfanato decidem entregar-lhe o menino. Mas será Benjamin quem realmente diz ser? Mesmo quando as suas histórias se tornam cada vez mais insólitas e as aventuras mais perigosas, Ren não perde a esperança de encontrar a família e suporta corajosamente a fome e o perigo a que Benjamin o expõe. Mas o tempo passa e ele começa a suspeitar de que Benjamin guarda a chave, não só do seu futuro, mas também do seu passado…"

24 agosto 2010

O SABOR DO PERIGO, Peter Elbling


Romance, Editorial Presença
A ideia de um romance sobre um provador de comida pareceu-me muito original e assim que soube que havia este livro quis lê-lo (até porque a capa é deliciosamente atraente). Talvez porque a expectativa era tão elevada, fiquei um bocadinho desiludida. Achei que iria babar-me à medida que ia lendo sobre aquilo que Ugo ia comendo, mas esqueci-me que o livro se passa no século XVI... Resumindo, há momentos verdadeiramente nojentos, não só pelo que estão a comer (e eu até gosto de iscas), mas também pelo que vão fazendo à mesa. O facto de o narrador ser o próprio provador de comida, também nos revela logo que está vivo (a não ser que estivesse a escrever do além), o que tira a piada da coisa. Mas para os que vão atrás de sangue e envenenamentos, não se preocupem porque há muito disso...

17 agosto 2010

Antes de começar... (35)


Livro: O Sabor do Perigo
Autor: Peter Elbling
Editora: Editorial Presença
Ano: Agosto de 2010

"Na Itália do século XVI, Ugo DiFonte e a filha, Miranda, são levados para a corte do Duque Federico, onde este lhe ordena que seja o seu provador de comida, um cargo tão perigoso quanto os seus inúmeros inimigos. Em breve Ugo aprende a mover-se entre venenos, antídotos, conspirações e intrigas palacianas, mas o maior desafio ainda está para vir: proteger a filha dos seus muitos pretendentes – que incluem o cozinheiro e o próprio Duque – quando qualquer refeição pode ser a última…
Uma narrativa que combina as doses certas de suspense e humor resultando num romance irresistível, bestseller numa dezena de países."

16 agosto 2010

OLIVE KITTERIDGE, Elizabeth Strout


Romance, Casa das Letras
Tinha muitas expectativas para este livro e talvez por isso tenha ficado um bocadinho desiludida. É um livro óptimo, não pensem que não é, mas não é um daqueles que acabamos de ler com verdadeiro prazer. Neste caso foi mais: "ok, gostei, qual é o próximo?". Olive Kitteridge é uma velha professora numa pequena cidade norte-americana, casada com um homem simpático e bondoso e com um filho que se prepara para abrir as asas e sair do ninho. Em cada capítulo é-nos apresentada uma nova personagem desta cidade, cuja vida se cruza com a de Olive - seja um antigo aluno, alguém que ela encontra durante um passeio… bem, estão a ver. O problema é que essas histórias são sempre negativas - um funeral, um crime, um suicida - e eu sou uma pessoa positiva. Além disso essas histórias não têm continuação. Assim que acaba o capítulo, acaba essa história e a personagem não volta a aparecer. E por isso ficamos a querer mais.

30 julho 2010

Antes de começar... (34)


Livro:
Olive Kitteridge
Autor: Elizabeth Strout
Editora: Casa das Letras
Ano: Abril de 2010

"A cidade costeira de Crosby, no Maine, um local aparentemente igual a tantos outros, parece conter em si o mundo inteiro, com as vidas dos seus habitantes a transbordarem de grandes dramas humanos: desejo, desespero, ciúme, esperança e amor. Umas vezes implacável, outras vezes paciente, perspicaz ou em negação, Olive Kitteridge, uma professora reformada, lamenta as mudanças da sua pequena cidade e do mundo em geral, mas nem sempre se apercebe das mudanças ocorridas naqueles que a rodeiam: numa pianista de bar assombrada por um antigo romance passado; num antigo aluno que perdeu a vontade de viver; no seu próprio filho adulto, que se sente tiranizado pelo seu temperamento irracional; e no seu marido, Henry, que vê na sua fidelidade ao casamento tanto uma bênção como uma maldição. À medida que os habitantes da cidade vão lidando com os seus problemas, de forma calma ou furiosa, Olive é levada a uma profunda compreensão de si mesma e da sua vida ― por vezes de maneira dolorosa, mas sempre cruamente honesta. Olive Kitteridge oferece-nos uma perspectiva profunda da condição humana, com os seus conflitos, as suas tragédias e alegrias, e a resistência por ela exigida."

NÃO HÁ BELA SEM SENÃO, Rebecca James


Ficção, Editora Objectiva
Este é um daqueles livros em que já sabemos o fim logo desde o início, só temos de descobrir como é que os acontecimentos se precipitam nessa direcção. A história passa-se em três momentos distintos: o presente, onde temos Katherine como mãe solteira; o passado recente que é quando conheceu Alice; e um passado mais antigo, quando a sua irmã morreu. Rebecca James vai-nos revelando a pouco e pouco o que se está a passar nestes três momentos, interlaçando-os e obrigando-nos a ler mais só para podermos concluir a história que tínhamos iniciado. Um livro que se lê de forma muito fácil, ligeira, apesar da força das emoções que abarca.

26 julho 2010

Antes de começar... (33)


Livro:
Não há bela sem senão
Autor: Rebecca James
Editora: Editora Objectiva
Ano: Junho de 2010

"Um segredo devastador, uma vida destruída, uma amiga que promete mudar tudo. E se ela não for quem aparenta ser?
Será possível amar demasiado? Será possível amar alguém a ponto de se desejar a sua morte?
Depois da trágica morte da irmã, Katherine muda de cidade e inscreve-se numa nova escola, onde só quer passar despercebida. Mas isso revela-se impossível quando encontra aquilo que menos esperava: uma amiga.
Alice Parrie é a rapariga mais popular da escola. Extrovertida, linda, sedutora e imprevisível, ela é tudo o que Katherine não é. O entusiasmo de Alice é contagiante e o seu magnetismo é irresistível. Alice e Katherine tornam-se grandes amigas, tão próximas como duas irmãs.
Mas por trás da fachada de menina perfeita Alice esconde segredos inimagináveis e Katherine não tardará a descobrir o segredo mais negro de todos. Não só Katherine não consegue fugir ao passado, como acaba por entrar num jogo sinistro e infinitamente mais sedutor.
Um mistério a que é impossível ficar indiferente. Este livro é um fenómeno editorial à escala mundial, que de um dia para o outro catapultou a autora para a ribalta. Publicado em mais de trinta países, é um dos grandes acontecimentos literários de 2010."

FIO DA MEMÓRIA, Nancy Huston


Romance, Civilização Editora
Esta foi uma bela surpresa. Adorei este livro, apesar da capa horrorosa. Mas parece que não posso culpar a editora, porque uma breve pesquisa na Internet revela que esta é a capa original (e se calhar havia alguma espécie de obrigatoriedade...). Não percebo a relevância com a história, mas pronto. O livro fala-nos de uma família, ao longo de quatro gerações. O twist? A história é contada sempre do ponto de vista de uma criança de seis anos e começamos no presente, recuando ao longo de quatro gerações. O que podemos dizer é que estas crianças não são tão inocentes como pensamos e sabem sempre mais do que aparentam. Nancy Huston consegue manter-nos interessados nesta família, cujo passado passa pela Alemanha, Israel e EUA, e de vez em quando um pormenor leva-nos a pensar "ah" e percebemos um pouco mais do que lemos antes (o futuro, portanto...). E no final dá vontade de ler tudo novamente, só para ter a certeza que não perdemos nada.

20 julho 2010

Antes de começar... (32)


Livro:
Fio da Memória
Autor: Nancy Huston
Editora: Civilização Editora
Ano: Agosto de 2007

"Através da voz de quatro gerações da mesma família, Nancy Huston apresenta a visão de uma época (do Terceiro Reich ao 11 de Setembro) vista pelos olhos «inocentes» da infância. Neste romance soberbo e doloroso, a autora celebra, com virtuosismo, a memória, a fidelidade, a resistência e a música como alternativas à mentira, mostrando-nos que a infância não é o paraíso perdido em que nos querem fazer acreditar."

19 julho 2010

O OLHO DE JADE, Diane Wei Lian


Policial, Bizâncio
Uma coisa é certa, fiquei com imensa vontade de comer comida chinesa ao ler este livro. Cada vez que eles comiam, lá estava eu com água na boca, apesar de só reconhecer pratos como o pato à pequim ou os amendoins... Em relação à história, soube-me a pouco. Acho que faltou desenvolver mais as personagens, as relações entre elas e também explicar mais o ambiente que se vive na China (tão diferente do que estamos habituados). Mais umas quantas páginas não fariam mal a esta história. No final, acabei por ficar desiludida. É verdade que descobrimos o olho de jade e a relação que este acaba por ter com Mei, a detective privada que é a personagem principal, mas pouco mais que isso.

18 julho 2010

Antes de começar... (31)


Livro:
O Olho de Jade
Autor: Diane Wei Liang
Editora: Bizâncio
Colecção: Montanha Mágica, n.º 42
Ano: Julho de 2008

"Mei é uma chinesa moderna e independente; tem a sua empresa em Pequim, trabalhando como detective privada. Tem automóvel, e mesmo o «luxo» mais moderno: um secretário. Um dia, o «tio» Chen, um amigo chegado da mãe, dá-lhe um caso para investigar. Pede-lhe que encontre uma peça de jade da dinastia Han, de grande valor, desviada de um museu durante os anos da Revolução Cultural quando os Guardas Vermelhos infestavam as ruas e destruíam muitos vestígios do passado. A investigação força-a a mergulhar na parte sombria e brutal da história da China — os campos de trabalho de Mao e as inúmeras mortes pelas quais jamais alguém foi responsabilizado — expondo as escolhas dolorosas feitas durante a Revolução: matar ou ser morto, amar ou viver.
O Olho de Jade permite-nos vislumbrar também a fascinante vida citadina na China moderna. Diane Wei Liang retrata com grande vivacidade a azáfama de Pequim, desde os antros de jogo e os bares que servem refeições baratas até ao esplendor da Cidade Proibida. Com um magnífico elenco de personagens, abrangendo toda a escala social dos mais humildes trabalhadores aos funcionários governamentais, a autora analisa as relações por vezes incómodas entre o brutal passado comunista da China de Mao e o seu presente cada vez mais na via do capitalismo."

Um livro que veio daqui

17 julho 2010

A CLÍNICA DA AMNÉSIA, James Scudamore


Romance, Difel
É uma história sobre amizade, tendo como personagens principais dois jovens de 15 anos com uma imaginação maior que eles. E isso acabará por lhes trazer problemas. E nem é preciso esconder que um deles vai morrer, o autor faz o favor de nos dizer logo no segundo parágrafo: "A 8 de Setembro de 1995, quando faltava menos de um ano para a morte do meu amigo Fabián…". É que ainda por cima ficamos logo a saber qual dos dois morre. A história é contada sempre do ponto de vista de Anti e o facto de sabermos o que vai acontecer corta quase todo o suspense - afinal temos de descobrir o "como". O que gostei neste livro foi o facto de se passar no Equador (e eu tenho um certo carinho pela América Latina), permitindo-me descobrir pormenores sobre este país que infelizmente (ainda, espero…) não conheço pessoalmente.

12 julho 2010

Antes de começar... (30)


Livro:
A Clínica da Amnésia
Autor: James Scudamore
Editora: Difel
Ano: Maio de 2007

"A Clínica da Amnésia é um romance extraordinário, poderoso, cuja acção decorre em Quito, no Equador. Anti, um pacato rapaz inglês, torna-se amigo de Fabián, um exuberante equatoriano que frequenta a mesma escola. Fabián é tudo o que Anti não é: bem-parecido, atlético, e popular. Como se isto não fosse bastante, mora com o Tio Suarez, um homem encantador e excêntrico, ao passo que Anti está confinado ao ambiente dos pais, o mundo enfadonho dos expatriados.
Suarez, um contador de histórias nato, contagia os rapazes com a sua paixão por contos oriundos de terras distantes, e não demora muito para que a relação entre eles se faça exclusivamente através do recurso aos métodos da efabulação.
Só um tema é tabu: os pais de Fabián. Mas quando começam a surgir pormenores relativos ao seu desaparecimento, Anti decide consolar o amigo com uma história que sugere poder a sua mãe estar num bizarro hospital da costa destinado a doentes que perderam a memória.
Dominados por emoções confusas e com a realidade a afrouxar o seu aperto, os dois rapazes embarcam numa viagem quixotesca ao longo de todo o Equador, em busca de uma «Clínica da Amnésia» que pode ou não existir..."

REVELAÇÃO, C.J. Sansom


Policial, Porto Editora
Seiscentas páginas depois... o que dizer além de "raios, que o livro é grande". Estamos diante de um policial que se passa centenas de anos antes de qualquer espécie de CSI. Corre o ano de 1543 e os crimes resolvem-se nas ruas, no inquirir das possíveis testemunhas e à lei da espada. Londres é um local mal-cheiroso e povoado de mendigos desdentados. É neste cenário que surge um (particularmente sádico) serial-killer, mais uma vez numa altura em que a palavra não queria dizer nada. Assim, para os intervenientes, estamos diante de um homem "possuído" pelo Diabo. O tema da religião está em todo o lado, numa verdadeira luta de poder com repercursões no reinado de Henrique VIII, a caminho precisamente do seu oitavo casamento. O livro é interessante por nos dar uma ideia da Londres daquela altura, mas o foque tão grande na religião acabou por não me conseguir prender. Além disso, o facto de Sharldlake "o corcunda mais perspicaz dos tribunais de Inglaterra" ser uma personagem de vários livros da série, significa que há histórias secundárias que não servem para nada para contar esta história, mas destinam-se aos fãs daqueles que já o conhecem.

30 junho 2010

Antes de começar... (29)


Livro: Revelação
Autor: C.J. Sansom
Editora: Porto Editora
Ano: Abril de 2010

"Primavera de 1543. Enquanto em Inglaterra se vivem momentos de grande tensão religiosa e convulsão social, Henrique VIII planeia um sexto casamento, sob o olhar atento do vigário-geral, Cranmer. Desta vez, o seu alvo é Lady Catherine Parr, conhecida na Corte pelas suas simpatias reformistas. Entretanto, Matthew Shardlake, afasta-se dos assuntos da Corte e trabalha no caso de um adolescente maníaco-religioso encerrado no hospital psiquiátrico de Bedlam. Porém, a sua tranquilidade é subitamente interrompida quando um velho amigo e colega advogado, Roger Elliard, é brutalmente assassinado. Shardlake promete à viúva levar o culpado à Justiça, mas o que pensava ser um caso de homicídio isolado, é, na verdade, parte integrante de uma melodia diabólica que se propaga a uma velocidade louca pela cidade de Londres. À medida que novas mortes, fruto de um ritual macabro, se vão sucedendo, as investigações de Shardlake conduzi-lo-ão ao jovem de Bedlam, a Catherine Parr – e às profecias do obscuro Livro da Revelação."

A LINHA NEGRA, Jean-Christophe Grangé


Thriller, Edições Asa
Não é melhor livro do mundo, mas está bem escrito e consegue manter-nos interessados até ao fim, revelando a pouco e pouco os rituais de morte de um serial-killer (é interessante toda a cena científica). Isso não significa que o livro não pudesse ter menos algumas páginas, às vezes a acção parece não se desenvolver com a velocidade que devia e não havia necessidade do senhor andar a saltar de país asiático para país asiático. Jean-Christophe Grangé podia muito bem ter centrado a acção num só. E depois há aquela coisa que o livro parece estar a acabar, mas não acaba. É porque falta alguma coisa. Afinal, não podia ser um verdadeiro thriller sem o twist final, que nem é assim tão surpreendente quanto isso. O problema desta coisa dos twists é que já estamos o livro todo à procura de pistas e não somos verdadeiramente supreendidos.

24 junho 2010

Antes de começar... (28)


Livro:
A linha negra
Autor: Jean-Christophe Grangé
Editora: Edições Asa
Ano: Março de 2007

"Jacques Reverdi, antigo campeão de apneia e professor de mergulho reputado, é preso na Malásia depois de ter barbaramente assassinado várias jovens. Em Paris, o jornalista Marc Dupeyrat sabe que tem matéria suficiente para escrever um artigo sensacional e, quem sabe, um romance. Apaixonado pela personalidade ambígua do serial-killer, Marc procura aproximar-se dele e quebrar o seu silêncio, mas essa não é uma tarefa fácil pois Reverdi refugiou-se no mais impenetrável mutismo. Para espicaçar a curiosidade do assassino, inventa a personagem da jovem Élisabeth, com quem o assassino aceita trocar correspondência. Ao revelar aos poucos os seus segredos, o homicida arrasta Marc para o Sudeste Asiático, no rasto dos seus crimes e da sua loucura..."

23 junho 2010

MAIS QUE HUMANO, Theodore Sturgeon


Ficção Científica, Editorial Presença
Sturgeon apresenta-nos neste livro o Homo gestalt, um conjunto de seres cujas capacidades se complementam para formar um único "eu". Temos um homem com problemas mentais mas com uma extraordinária capacidade telepática; uma jovem que consegue transportar o que quiser só com o poder da mente; duas gémeas que não desenvolveram a capacidade de falar mas são capazes de se teleportarem para qualquer lugar e um bebé totalmente atrasado mental mas com um cérebro que é capaz de funcionar como um computador (pode parecer uma contradição, mas não é). Juntos formam o corpo, a cabeça, as pernas, os braços. Mas não basta encontrarem-se, têm que aprender a funcionar em harmonia. Uma harmonia que passa pela descoberta de um sexto elemento, um humano como qualquer um de nós, que vai ensinar à "cabeça" a importância da humanidade. E é quando o percebem que descobrem que afinal não estão sós e que é a sobrevivência do Homo sapiens que será também a sobrevivência do Homo gestalt, o que mais não é que o próximo passo da evolução humana. É um livro que nos obriga a pensar e que me faz lamentar não ter tido psicologia na escola (confesso que andei a investigar mais na Internet). Será que se dá a teoria do gestalt nas salas de aulas? Um livro que, apesar de ter sido escrito há mais de 50 anos, ainda está muito actual.

15 junho 2010

Antes de começar... (27)

Livro: Mais que humano
Autor: Theodore Sturgeon
Editora: Editorial Presença
Ano: Abril de 2008

"Algures por esse mundo existem seis pessoas que - separadas - não passam de excluídos, seres desajustados. Mas uma força inconcebível vai uni-los e, um dia, talvez consigam juntar os seus singulares poderes e transformar o mundo. Agirão como uma nova entidade que se distingue de seres como nós porque não pensam em si próprios como um "nós" mas como um "eu". Porém, a génese e a maturação desse "Todo" não será pacífica, e a narrativa desdobra-se reflectindo a complexidae de temas universais como o poder, o amor, a consciência, a ética. Foi talvez a primeira vez que alguém levou tão longe, na ficção, o tratamento do tema da mutação da Humanidade, articulano com inteligência e alcance, escrito num registo poético, lúdico, e com uma intensa paixão pelo seu tema e os seus personagens. Esta obra, publicada pela primeira vez em 1953, é uma referência incontornável dos primórdios da ficção científica, é um clássico e uma fabulosa aventura da imaginação ainda nunca ultrapassada. Para além disto, é um livro de leitura compulsiva. Um romance distinguido com o International Fantasy Award."

14 junho 2010

ESTE LIVRO VAI SALVAR A SUA VIDA, A. M. Homes


Romance, Edições Asa
Não mudou a minha vida (que raio de título), mas abriu-me a porta para o mundo de Richard, um milionário divorciado que atravessa uma crise existencial (mais do que de meia idade). Um homem que tinha tudo controlado na sua vida e que praticamente não saía de casa, até ser levado de urgência para o hospital por causa de uma inexplicável dor no peito. Um acontecimento que muda a sua vida, uma vez que o colocará em contacto com uma série de pessoas (que são tudo menos normais) e que se transformam nos amigos que até então não tinha. E que lhe permitem aproximar-se novamente da família. Basicamente, é a ideia de que ninguém vive bem sozinho. A história desenrola-se com ritmo e o facto de os capítulos serem curtos facilita a leitura. Mas acabamos o livro a pensar: "pronto, está bem, foi giro, qual é o próximo..." Um último ponto para dizer que de vez em quando me irritaram as notas do tradutor, que pareciam verdadeiros tratados quando em causa só estava explicar determinada marca ou trocadilho de palavras em inglês. Ah, e já me esquecia... desculpem, mas a capa é horrível.

09 junho 2010

Antes de começar... (26)


Livro:
Este livro vai salvar a sua vida
Autor: A. M. Homes
Editora: Edições Asa
Ano: Abril de 2007

"O que têm em comum uma dona de casa lavada em lágrimas na secção de legumes de um supermercado, o dono de uma loja de donuts, um cavalo caído num buraco e uma mulher presa na mala de um carro? Duas coisas: todos vivem na mesma cidade e, à sua maneira, cada um deles acabará por ajudar a “salvar” a vida de Richard Novak. Richard é o típico homem moderno: profissionalmente bem-sucedido, solitário e divorciado. Ele trabalha a partir de casa e organizou tão bem a sua vida que não precisa de literalmente ninguém a não ser da empregada, da preparadora física e da nutricionista. Tudo está, portanto, controlado. Pelo menos, até ao momento em que dois incidentes, uns quantos personagens extravagantes e o surrealismo da cidade de Los Angeles parecem unir-se numa conspiração para abalar o seu mundo.
Desde o início da sua carreira, A. M. Homes tem sido uma das mais ousadas e originais vozes da sua geração, aclamada pela precisão psicológica e intensidade emocional das suas histórias. Neste que é provavelmente o seu primeiro livro optimista, ela relata-nos o que pode acontecer quando alguém se dispõe a abrir-se ao mundo que o rodeia."

JOGOS DE SEDUÇÃO, Madeline Hunter


Romance, Edições Asa
Pronto, com aquela sinopse só podia esperar-se uma coisa: sexo. Não é pornográfico, mas é bastante gráfico. Tirando essas cenas (que também não se pode dizer que surjam de forma descabida), a história até está interessante. E é até possível que o livro pudesse existir sem elas... Temos uma mulher nobre que perdeu a fortuna por causa das jogadas do irmão e que acaba leiloada numa festa. O "herói", sem berço de ouro mas com estudos que o levaram a subir na vida, vence o leilão. Para que Roselyn tenha alguma hipótese de regressar à boa sociedade, os dois acabam por casar. Mas à medida que se vão apaixonando, o passado acaba por bater à porta para estragar a felicidade dos dois.

08 junho 2010

Antes de começar... (25)


Livro:
Jogos de Sedução
Autor: Madeline Hunter
Editora: Edições Asa
Ano: Junho de 2009

"Numa sala repleta de convivas, os seus olhares cruzam-se com uma intensidade invulgar… mas os seus mundos vão colidir violentamente. Ela é Roselyn Longworth e, antes de a noite terminar, vai ser leiloada. Ele é Kyle Bradwell, o homem que lhe dará a conhecer o Inferno.
Todavia, quando vence o leilão, Kyle trata Roselyn com uma delicadeza a que ela não está habituada desde que um escândalo familiar arruinou a sua reputação. E quando finalmente descobre o que o motivou a salvá-la do seu terrível passado, é já demasiado tarde: Roselyn está perdidamente apaixonada pelo homem que sabe os seus mais íntimos segredos. Agora, ele surpreende-a com um pedido de casamento - o primeiro passo num jogo de sedução que exigirá nada menos que a sua completa rendição…"

07 junho 2010

BALADA PARA SÉRGIO VARELLA CID, Joel Costa


Biografia, Casa das Letras
Por momentos pus de lado os romances e a ficção, que sempre me acompanharam durante toda a vida de leitora, e embrenhei-me numa biografia. A primeira que li. Disseram-me que se lia como se fosse um romance e resolvi tentar, mesmo não conhecendo o biografado. O pianista português Sérgio Varella Cid desapareceu no ano em que eu nasci e a minha cultura de música clássica é praticamente nula, tenho de admitir. Confesso que não foi uma tarefa fácil ler este livro, porque à minha frente via desenrolar-se a vida de um prodígio que nunca chegou a afirmar-se categoricamente como um génio e que era protegido pela família em tudo. Não importa o quanto mentisse, enganasse, quanto dinheiro perdesse com o seu vício do jogo ou em que negócios sujos se envolvesse. E em certas alturas pensei mesmo que só podia ser ficção não haver ninguém que lhe virasse as costas ou dissesse basta... Joel Costa consegue manter-nos interessados na vida de Sérgio Varella Cid - repetitiva, como a de qualquer um de nós, girando em volta do piano, da sala de jogo, da falta de dinheiro e da família. O autor intercala as cartas da altura com as conversas com os descendentes do pianista e junta-lhe uma boa dose de imaginação para revelar (aos que como eu nada sabiam de Sérgio Varella Cid ou aos que ainda se lembram dele) a vida do prodígio português que se perdeu. A experiência de ler uma biografia foi boa e de certeza para repetir, mas por favor não me tirem os romances...

02 junho 2010

Antes de começar... (24)


Livro: Balada para Sérgio Varella Cid
Autor: Joel Costa
Editora: Casa das Letras
Ano: Fevereiro de 2007

"Não basta dizer o que um homem fez é preciso dizer o que ele era.
«A carreira pianística de Sérgio Varella Cid pode não ter diferido muito da de tantos outros, os mesmos passos, as mesmas dúvidas, recitais dados nos cinco continentes, os êxitos, os desaires que todo o artista teme. A riqueza não estaria aí. A riqueza e a originalidade de Sérgio Varella Cid podia estar-lhe mais na vida do que na carreira, na vida toda, na vida que não se conta em capítulos estanques género - uma coisa é o homem e outra coisa é o artista.»"

01 junho 2010

THE BOOK THIEF, Markus Zusak


Romance, Black Swan
Esta é a história da II Guerra Mundial como nunca a vimos antes: contada através dos olhos de uma jovem alemã e tendo como narrador a própria morte. É a história de Liesel e da sua vida na empobrecida Himmer Street, com um pai adoptivo que toca acordeão, uma mãe adoptiva que chama "porcos" a todos e um judeu escondido na cave. É a história de uma ladra de livros que aprende a ler com um manual para coveiros. É a história da morte que percorre a terra a carregar almas, que gosta de se distrair com as cores do dia e que nos surge também como uma vítima da guerra (por causa do aumento de trabalho...). Uma ideia muito original, que nos prende da primeira à última página. Ao início só me chateavam os apartes que o autor coloca a bold no meio do texto, mas depois começaram a fazer todo o sentido, sendo uma forma de destacar um ponto importante ou apenas uma emoção.

23 maio 2010

Antes de começar... (23)


Livro:
The Book Thief
Autor: Markus Zusak
Editora: Black Swan
Ano: 2007

"Here is a small fact: You are going to die.
1939. Nazi Germany. The country is holding its breath. Death has never been busier.
Lieslel, a nine-year old girl, is living with a foster family on Himmel Street. Her parents have been taken away to a concentration camp. Liesel steals books. This is her story and the story of the inhabitants of her street when bombs begin to fall.
Some important information: This novel is narrated by death.
It's a small story, about: a girl + an accordionist + some fanatical Germans + a Jewish fist fighter + and quite a lot of thievery.
Another thing you should know: Death will visit the book thief three times."

22 maio 2010

A SOCIEDADE LITERÁRIA DA TARTE DE CASCA DE BATATA, Mary Ann Shaffer e Annie Barrows


Romance, Editora Objectiva
O nome estranho chamou-me a atenção e obrigou-me à leitura da sinopse deste livro. Fiquei curiosa e quis ler mais. A história começa com uma carta, à qual se segue outra e mais outra e mais outra… Todo o livro é assim. Um romance epistolar que me surpreendeu pela positiva. Tal como Juliet comecei a apaixonar-me pelos habitantes de Guernsey e a querer saber mais sobre o que estas ilhas britânicas sofreram quando foram ocupadas pelos alemães, na II Guerra Mundial. É daqueles livros que não nos apetece parar de ler, que temos pena de acabar de ler. As autoras (a sobrinha Annie Barrows fez os últimos ajustes no texto após a morte da tia Mary Ann Schaffer) conseguem mostrar-nos os horrores do conflito no meio do relato do dia-a-dia nas ilhas - surpreendendo-me e obrigando-me a fazer figura triste e a limpar as lágrimas em plena paragem de autocarro. Seja como for, este é um excelente livro que recomendo a toda a gente.

19 maio 2010

Antes de começar... (22)


Livro:
A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata
Autor: Mary Ann Shaffer, Annie Barrows
Editora: Editora Objectiva
Ano: Março de 2010

"Londres, 1946. Depois do sucesso estrondoso do seu primeiro livro, a jovem escritora Juliet Ashton procura duas coisas: um assunto para o seu novo livro, e, embora não o admita abertamente, um homem com quem partilhar a vida e o amor pelos livros.
É com surpresa que um dia Juliet recebe uma carta de um senhor chamado Dawsey Adams, residente na ilha britânica de Guernsey, a comunicar que tem um livro que outrora pertenceu a Juliet.
Curiosa por natureza, Juliet começa a corresponder-se com vários habitantes da ilha. É assim que descobre que Guernsey foi ocupada pelas tropas alemãs durante a segunda Guerra Mundial, e que as pessoas com quem agora se corresponde formavam um clube secreto a que davam o nome de Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata. O que nasceu como um mero álibi para encobrir um inocente jantar de porco assado transformou-se num refúgio semanal, pleno de emoção e sentido, no meio de uma guerra absurda e cruel.
Fascinada pela história da dita Sociedade Literária, e ainda mais pelos seus novos amigos, Juliet parte para Guernsey. O que encontra na ilha mudará a sua vida para sempre.
Uma história comovente sobre o poder da amizade, dos livros e do amor."

18 maio 2010

ECSTASY, Irvine Welsh


Romance, Quetzal
Tenho o hábito de iniciar sempre a leitura do livro pela contracapa, mas por acaso em "Ecstasy" lancei-me logo às primeiras páginas. Daí que não estivesse à espera de encontrar três pequenas histórias em vez de uma só, nem de me deparar com necrofilia e zoofilia logo na primeira (com todos os detalhes possíveis e imaginários). Digamos que, por momentos, pensei que a editora se tinha enganado e que estava a ler o livro de Irvine Welsh chamado Porno. Não havia necessidade. Tal como não havia necessidade de ter como personagem da segunda história uma mulher sem braços que é uma verdadeira sádica. A deficiência foi causada por um medicamento aprovado após a falsificação dos resultados dos testes e digamos que apenas uma coisa a move: vingança. Por causa do título do livro, esperava uma história sobre o consumo de droga e os seus efeitos nefastos - aquilo que encontrei precisamente na terceira história. Resumindo: se tiver este livro lá por casa, leia só a partir da página 211. Ao contrário da segunda narrativa (à base de analepses que se misturam com o tempo presente) não nos perdemos, porque cada capítulo é o ponto de vista de uma de duas personagens (Heather e Lloyd).

17 maio 2010

Antes de começar... (21)


Livro: Ecstasy
Autor: Irvine Welsh
Editora: Quetzal
Ano: 2008

"As três histórias de Ecstasy, assim como toda a obra de Irvine Welsh, têm em comum o motivo da decadência da Grã-Bretanha, da dupla moral orwelliana da sua política e da exigência de conformidade e, obviamente, o do consumo de droga como forma de lidar com essas realidades.
Lorraine Vai para Livingstone: um delirante romance sentimental da época da regência conta a bizarra história de um personagem televisivo necrófilo e uma romancista obesa.
A Fortuna Está sempre Escondida: um romance colectivo sobre a droga explora o território de uma vítima de talidomia que, juntamente com o seu amante, leva a cabo uma vingança sobre o director de marketing da farmacêutica que produziu aquela droga diabólica.
Em Os Invictos: um romance "acid house", Welsh retoma a temática explorada em Trainspotting, e o relato na primeira pessoa, de Lloyd e Heather, e das respectivas experiências com droga e sexo. Esta narrrativa terá, no entanto, um volte-face conservador: o encantamento do amor natural é superior ao efeito encantatório do amor químico."

16 maio 2010

CORRIDA CONTRA A MORTE, Josh Bazell


Romance policial, Civilização Editora
Quando pensamos no programa de protecção de testemunhas a primeira imagem que nos vem à cabeça é a de uma viúva qualquer que assistiu a um homicídio e que agora tem de mudar de identidade junto com os filhos e ir viver para os subúrbios para poder sobreviver. Não pensamos num assassino da mafia arrependido que de repente se transforma num médico. Mas é esse o personagem principal deste livro. A história desenvolve-se entre a actualidade, com Peter Brown a trabalhar num hospital e a manter-se de pé entre os turnos graças a uma boa dose de comprimidos, e o passado, com a transformação de Pietro Brnwa na "Garra de Urso". Pelo meio, uma grande dose de humor de Josh Bazell - gostei particularmente das notas de rodapé - e de muita violência, com uma cena que não ficaria nada mal num dos filmes "Saw".

08 maio 2010

Antes de começar... (20)


Livro:
Corrida contra a Morte
Autor: Josh Bazell
Editora: Civilização Editora
Ano: Maio 2009

"Apresento-voz Peter Brown, um jovem médico de Manhattan com um passado invulgar com o qual está prestes a confrontar-se.
A sua manhã começa com o rápido desarmar de um assaltante, seguido de um enconro escaldante no elevador com uma jovem e sexy delegada de propaganda médica, e termina com uma consulta a um novo paciente - é a partir daí que o dia de Peter vai piorar bastante e ficar ainda mais estranho, pois este novo paciente conhece Peter da sua outra vida, quando tinha outro nome e um emprego muito diferente. Peter agora é médico graças ao Programa de Protecção de Testemunhas - e mesmo esse não consegue protegê-lo da máfia de New Jersey."

07 maio 2010

AS FLORES DO TEMPLO, Rani Manicka


Romance, Edições Asa
Este é um daqueles livros que não temos vontade de pôr de lado, apesar de estarmos a ler a pouco e pouco a queda no abismo de cada uma das personagem. Rani Manicka, que nasceu na Malásia, começa por nos apresentar cada um dos que fazem parte da história, abrindo-nos as portas da sua vida. Conhecemos as gémeas de Bali, o siciliano que as seduz, a mulher deste, a fria amante de um xeque árabe, um artista que pinta a raiva que sente pelo pai homossexual e o cabeleireiro que ao contrário dos estereótipos não é gay. E depois assistimos à sua entrada e perdição no mundo da droga e em tudo o que o rodeia. A história é contada sempre a partir do ponto de vista de cada uma das personagens, por isso sabemos sempre o que um e outro pensam, sem o recurso à figura do narrador. Todo o livro é escrito a partir do "eu", que se multiplica por sete. E apesar da tragédia, mantem-se sempre acesa uma luz ao fundo do túnel que nos faz acreditar que no meio de tudo, ainda há possibilidade de ser feliz. Gostei bastante de ler este livro e fiquei curiosa para ler o outro livro desta autora, A Guardiã dos Sonhos.

02 maio 2010

Antes de começar... (19)


Livro: As Flores do Templo
Autor: Rani Manicka
Editora: Edições Asa
Ano: Agosto 2007

"Após a morte da mãe, as jovens e belas gémeas Nutan e Zeenat vêem-se forçadas a abandonar a paradisíaca ilha de Bali e a protecção da sua avó, uma grande especialista em magia, tradições e lendas, para se instalarem em Londres, onde tentam ganhar a vida trabalhando num café. Aí conhecem Ricky, um jovem sedutor siciliano que lhes abre as portas do Templo da Aranha, um local decadente e excessivo que mudará para sempre as suas vidas.
Um pintor, a amante de um milionário, uma prostituta e um cabeleireiro de sucesso, todos eles habitantes deste romance, acompanham as duas irmãs nesta aventura carregada de sentimentos, que percorre a frágil fronteira entre a vida e a morte, a corrupção e a inocência.
Magia e exotismo fundem-se com a dura realidade para oferecer uma história inquietante sobre a perda da inocência e a redenção."

01 maio 2010

EMMA, Jane Austen


Romance, Wordsworth Classics
Jane Austen queria criar uma personagem que só ela (e Mr. Knightley, claro) seria capaz de amar, mas é impossível não gostar de Emma. A jovem que pensa que é uma grande casamenteira, mas que na realidade falha todas as suas tentativas para encontrar um parceiro para a nova amiga, Harriet - o primeiro estava de facto apaixonado por ela e o segundo noivo de outra, em segredo. Ao mesmo tempo que tenta adivinhar os sentimentos dos outros, falha na análise dos seus: só quando é confrontada com a ideia de que Harriet poderá ter conquistado Mr. Knightley é que se apercebe de que sempre o amou sem saber. "It darted through her, with the speed of an arrow, that Mr. Knightley must marry no one but herself!"
É incrível reler este livro e tentar perceber os erros que Emma comete, mas Jane Austen usa uma linguagem tão dúbia, que deixa sempre a situação em aberto. Para quem já conhece o desfecho, os diálogos fazem tanto sentido como para quem lê pela primeira vez e se deixa enganar como a personagem principal. Mais um grande livro de Jane Austen.

12 abril 2010

Antes de começar... (18)


Livro:
Emma
Autor: Jane Austen
Editora: Wordsworth Classics

"Jane Austen teased readers with the idea of a 'heroine whom no one but myself will much like': but Emma is irresistible. 'Handsome, clever, and rich', Emma is also an 'imaginist', 'on fire with speculation and foresight'. She sees the signs of romance all around her, but thinks she will never be married. Her matchmaking maps out relationships that Jane Austen ironically tweaks into a clearer perspective. Judgement and imagination are matched in games the reader too can enjoy, and the end is a triumph of understanding."

11 abril 2010

SEGREDOS, Andrew Rosenheim


Romance, Civilização
"Cheio de suspense e descaradamente romântico", terá escrito o The Times sobre este livro - pelo menos é o que diz na capa. Concordo que tem muito suspense, mas só para aí o segundo capítulo é que é romântico. É o capítulo em que Jack Renoir conhece Kate e muda para sempre a sua vida, marcada desde os dez anos por um segredo que nunca se atreveu a contar a ninguém. Mas os segredos não são exclusivos do americano Jack, que não desiste enquanto não descobre os da milionária britânica Kate. Esta é uma história sobre confiança e desconfiança que é capaz de nos prender - especialmente por causa dos flashbacks - sem verdadeiramente nos deslumbrar.

07 abril 2010

Antes de começar... (17)


Livro: Segredos
Autor: Andrew Rosenheim
Editora: Civilização
Ano: Janeiro 2008

"Quando a história começa, um rapaz está escondido depois de ter assistido a um assassinato brutal. Sabe que se sobreviver a isto, os seus dias na quinta californiana do tio terminarão para sempre...
Jack Renoir ganha a vida a descobrir os segredos das outras pessoas, certificando-se de que mantém os seus. Mas quando uma bela rapariga inglesa entra no escritório de Jack, em São Francisco, este não se apercebe de que ela vai virar a sua vida cuidadosamente construída. Quando baixa as suas defesas, acede a começar uma nova vida com ela na Inglaterra. É então que os seus problemas começam.
Magnificamente escrito, com muito suspense, este romance faz de Andrew Rosenheim um importante escritor que segue a tradição de bestsellers Douglas Kennedy e Sebastian Faulks."

06 abril 2010

PRIDE AND PREJUDICE, Jane Austen


Romance, Wordsworth Classics
It is a truth universally acknowledged... que este é um dos meus livros favoritos. Jane Austen lembra-nos que as primeiras impressões não são tudo - "first impressions" era mesmo o primeiro título que ela tinha pensado - e que há mais do que o amor à primeira vista. Este foi o primeiro livro a revelar a história de um casal que começa por se odiar, mas que acaba por se apaixonar (todos os outros derivam deste). E quem não se apaixona também pela história de Elizabeth e Mr. Darcy? Quem não se deixa enganar pelo fascinante Wickham? Quem não se envergonha da forma de ser de Mrs. Bennett ou da mente vazia da tonta Kitty? Quem não sente repulsa por Mr. Collins ou desdém por Lady de Bourgh? É um livro excelente, muito bem escrito, e não há mais nada a dizer. Um livro para ler uma, duas, dez, vinte vezes... E claro, para ver a excelente adaptação feita pela BBC para a televisão. Não há Mr. Darcy como Colin Firth - nem o Brad Pitt seria melhor!

05 abril 2010

Citação do dia 16


"In vain have I struggled. It will not do. My feelings will not be repressed. You must allow me to tell you how ardently I admire and love you."

in PRIDE AND PREJUDICE, Jane Austen

03 abril 2010

Citação do dia 15


"(...) and Darcy had never been so bewitched by any woman as he was by her. He really believed, that were it not for the inferiority of her connections, he should be in some danger."

in PRIDE AND PREJUDICE, Jane Austen

02 abril 2010

Antes de começar... (16)


Livro: Pride and Prejudice
Autor: Jane Austen
Editora: Wordsworth Classics

"Pride and Prejudice, which opens with one of the most famous sentences in English Literature, is an ironic novel of manners. In it the garrulous and empty-headed Mrs Bennet has only one aim - that of finding a good match for each of her five daughters. In this she is mocked by her cynical and indolent husband.
With its wit, its social precision and, above all, its irresistible heroine, Pride and Prejudice has proved one of the most enduringly popular novels in the English language."

01 abril 2010

O LADRÃO DA TEMPESTADE, Chris Wooding


Fantástico, Editorial Presença
Confesso que depois de ler a sinopse deste livro torci um bocadinho o nariz, a pensar onde é que me ia meter. O primeiro capítulo não ajudou muito, já que é centrado num pássaro qualquer que se perde no meio de uma tempestade, no oceano, vai ter a uma ilha onde outros seres alados o tentam caçar e acaba por morrer ao embater numa parede. Porque é que não desisti, perguntam vocês? É preciso mais que um mau capítulo para pôr um livro de lado. Quis perceber que mundo era este, onde a cada tempestade de probabilidades, as coisas podem mudar de um momento para outro.
No final deparei-me com o resultado de uma sociedade onde as pessoas optaram por entregar o controlo a quem as governa, que ditava tudo o que podiam ou não fazer e assim lhes tirava qualquer identidade. O livro é feito de perseguições intermináveis, com acção q.b. aqui e ali. O universo pode não estar muito bem explorado, mas há momentos interessantes. Um livro para ler quando se quiser fazer uma pausa entre policiais e romances.

28 março 2010

Antes de começar... (15)


Livro: O Ladrão da Tempestade
Autor: Chris Wooding
Editora: Editorial Presença
Colecção: Via Láctea, n.º 70
Ano: Fevereiro 2009

"No meio de um vasto oceano, existe uma cidade-ilha chamada Orokos, onde nunca ninguém conseguiu entrar e donde nunca ninguém conseguiu sair. Orokos é um lugar governado pelo caos, que é fruto de um estranho fenómeno: as tempestades de probabilidades. Estas tempestades têm o poder de alterar tudo à sua passagem, incluindo mudar ruas de sítio ou transformar pessoas em animais, de modo que nada é previsível, nada é estável, e a vida como as pessoas a conhecem pode modificar-se de um momento para o outro. Rail e Moa são dois jovens ladrões que há muito vivem com as consequências das tempestades - até que um dia ficam na posse de um artefacto antigo, pertencente a outra era, com um poder cobiçado por gente muito perigosa e que os conduzirá até ao segredo mais tenebroso de Orokos. Um mundo ficcional único, complexo e minuciosamente arquitectado que constitui uma poderosa mistura de thriller, ficção científica e fantasia e que deixará os leitores rendidos aos seus mistérios."

27 março 2010

A RAINHA NO PALÁCIO DAS CORRENTES DE AR, Stieg Larsson


Thriller, Oceanos
A indicação que tinha é que era o melhor dos três livros, mas fiquei cheia de dúvidas. É bom? Sim. O melhor? Acho que não. Sinceramente, o meu favorito foi o primeiro. Não só por encontrar pela primeira vez esta linguagem forte e visual de Stieg Larsson, mas porque teve um princípio, um meio e um fim.
O que vemos neste último livro é o resolver das questões que ficaram em aberto no segundo livro. Não temos mais mistério que não seja aquele em volta da conspiração que rodeia a vida de Lisbeth Salander. Pronto, está bem, há sempre aquele de saber quem é o "Caneta Porca"... mas mesmo isso soube-me a pouco.
E no final é inevitável lembrar que o autor sueco (que já morreu) tinha previsto dez livros nesta série. É que apesar de Lisbeth achar que o passado está resolvido, ainda fica a questão: então e a irmã gémea?
A mulher de Larsson diz que por detrás dos livros estava muito do seu trabalho. Prove-o e edite mais um livro das aventuras de Mikhael Blomkvist e de Salander depois logo falamos.
Apesar de tudo isto, é um excelente livro de acção que merece sem dúvida a pena ler.

22 março 2010

Antes de começar... (14)


Livro: A Rainha no Palácio das Correntes de Ar
Autor: Stieg Larsson
Editora: Oceanos
Colecção: Millennium 3
Ano: Junho 2009

"Lisbeth Salander sobreviveu aos ferimentos de que foi vítima, mas não tem razões para sorrir: o seu estado de saúde inspira cuidados e terá de permanecer várias semanas no hospital, completamente impossibilitada de se movimentar e agir. As acusações que recaem sobre ela levaram a polícia a mantê-la incontactável. Lisbeth sente-se sitiada e, como se isto não bastasse, vê-se ainda confrontada com outro problema: o pai, que a odeia e que ela feriu à machadada, encontra-se no mesmo hospital com ferimentos menos graves e intenções mais maquiavélicas…
Entretanto, mantêm-se as movimentações secretas de alguns elementos da Säpo, a polícia de segurança sueca. Para se manter incógnita, esta gente que actua na sombra está determinada a eliminar todos os que se atravessam no seu caminho.
Mas nem tudo podia ser mau: Lisbeth pode contar com Mikael Blomkvist que, para a ilibar, prepara um artigo sobre a conspiração que visa silenciá-la para sempre. E Mikael Blomkvist também não está sozinho nesta cruzada: Dragan Armanskij, o inspector Bublanski, Anika Gianini, entre outros, unem esforços para que se faça justiça. E Erika Berger? Será que Mikael pode contar com a sua ajuda, agora que também ela está a ser ameaçada? E quem é Rosa Figuerola, a bela mulher que seduz Mikael Blomkvist?"

21 março 2010

A RAPARIGA QUE SONHAVA COM UMA LATA DE GASOLINA E UM FÓSFORO, Stieg Larsson


Thriller, Oceanos
O segundo volume da saga Millenium volta a justificar o sucesso que os livros do sueco Stieg Larsson têm. Estamos perante um verdadeiro jogo do gato e do rato, em que rato é Lisbeth Salander e o gato são todos aqueles que ou a querem acusar uma série de mortes ou a querem ver ilibada, liderados por Mikael Blomkvist. Ela, como sempre, joga melhor sozinha.
A acção desenrola-se de forma mais acelerada que no primeiro livro e o autor volta a usar uma linguagem crua para contar a história. Apesar de o tema voltar a ser o abuso sexual de mulheres, há menos violência sexual explícita que em Os Homens que Odeiam as Mulheres. A tortura pura e simples continua lá (os suecos não eram um povo super certinho e responsável???)
Infelizmente, a minha leitura foi prejudicada porque, assim que acabei de ler o primeiro livro, fui a correr ver o filme. BIG MISTAKE! O primeiro filme da série desvenda já pormenores importantes do segundo livro, pelo que muitas das grandes revelações eu já sabia. Aprendi a lição. Não ponho os pés na sala de cinema sem ler o terceiro livro.
Outra nota importante é garantir que temos ao nosso lado A Rainha no Palácio das Correntes de Ar quando acabamos de ler este livro, porque o desejo é começar imediatamente a ler o próximo. E dizem os críticos, que o último é o melhor de toda a trilogia.